A indústria plástica brasileira recuou 2,6% no primeiro semestre deste ano e tem dificuldades para competir com os produtos importados. A ociosidade é de quase 30%. Mesmo assim, as oportunidades são muito boas com as obras de infraestrutura para Copa do Mundo, Olimpíadas e os negócios com o pré-sal.
A argumentação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria Plástica (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho (foto). O líder empresarial esteve em Joinville e participou da feira Interplast.
Tamanho
“Em 2011, a indústria plástica de transformação criou 4 mil novos empregos, 1,1% a mais do que em 2010. É o terceiro setor da indústria de transformação que mais emprega. Responde por 4% do total de vagas de toda a indústria brasileira.
Os empregos gerados refletem muito mais o otimismo do empresariado do que a performance do setor, afetado pela perda de competitividade que atinge toda a indústria de transformação do País. A produção recuou 2% em relação a 2010. Houve queda de 7,8% nos laminados, 2,7% nas embalagens e avanço de 0,3% em artefatos plásticos diversos.”
Importação
“A entrada de produtos estrangeiros vem corroendo uma parcela dos negócios que poderia ficar com a indústria brasileira. Só para compreender como o fenômeno atinge toda a indústria do País e não somente o ramo plástico, uma comparação: em 2003, uma em cada dez máquinas utilizadas pela indústria era comprada no exterior. Em 2012, a proporção é de uma em cada quatro. Assistimos a um processo de desindustrialização.”
Oportunidades
“Temos muito boas oportunidades pela frente. Dois eventos gigantescos – Copa do Mundo e Olimpíadas – são excepcionais possibilidades de aumentar os negócios. Também o pré-sal e a exploração da camada de petróleo e gás exigirão novas tecnologias. Para atender a estas demandas, são necessários bilhões de reais em investimentos e capacitação profissional. Temos de criar ambiente favorável ao desenvolvimento. A tarefa é dura.”
Queda
“A produção da indústria de transformação do setor plástico caiu 2,6% e o consumo aumentou 6% no primeiro semestre deste ano. A fatia de importação subiu de forma significativa, e isso contraria os interesses da indústria nacional.”
Dinamismo
“O mercado do plástico é muito dinâmico. Cada vez mais, encontram-se outras aplicações e facilidades com novas formas, novas texturas. Além de novidades tecnológicas, o plástico permite o barateamento dos custos de fabricação. O caso mais emblemático está na indústria da construção civil.”
Santa Catarina
“O Estado de Santa Catarina representa 10% da mão de obra nacional do setor plástico. No Estado, há 30 mil trabalhadores em 900 companhias. É o segundo maior polo plástico brasileiro. Só perde para São Paulo.”
Perspectivas
“Se o Brasil pretende ser uma nação avançada social e economicamente, é necessário um projeto que tenha a indústria e os setores portadores de tecnologia como principais vetores de expansão. A manufatura moderna e os serviços informacionais são os setores com maior potencial para gerar o fomento tecnológico e os responsáveis pelos melhores empregos.”
DESONERAÇÃO – Hoje, o custo da mão de obra da indústria nacional é o dobro da do México. Fala-se em desoneração há 18 anos.
OCIOSIDADE – A indústria plástica está com ociosidade próxima de 30%. Assim, os investimentos se retraem porque as fábricas estão com capacidade instalada bem acima do que produzem. Há um risco de parte do setor deixar de ser industrial para ser comerciante. Mas volto a reafirmar: a demanda por plástico não vai cair; ao contrário.
Perfil
José Ricardo Roriz Coelho, 54 anos, é engenheiro mecânico, pós-graduado em marketing e fez MBA empresarial. Cursou o programa de gestão avançada pelo Insead (França) e o programa de desenvolvimento de conselheiros pela Fundação Dom Cabral. Fez cursos de especialização na China, em Boston (EUA), em Tóquio (Japão), em Wesselling (Alemanha), em Ferrara (Itália) e na FGV/SP.
De fevereiro de 2008 a maio de 2012, presidiu a Vitopel, maior fabricante da América Latina de filmes para embalagens flexíveis. É membro do conselho de administração da Vitopel, da Cromex e da Terminal 12. E é do conselho diretor do Ibmec (mercado de capitais). Atuou por 25 anos na indústria de transformação.
Fonte: AN – Livre Mercado – Cláudio Loetz
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