Um navio pode retirar até 4,8 mil caminhões das rodovias de longa circulação e consome oito vezes menos combustível; dados foram destacados em encontro realizado na FIESC nesta quarta-feira (21), que reuniu operadoras do serviço de cabotagem e empresas interessadas em ampliar o rol de opções para o escoamento da produção.
Florianópolis, 21.11.2018 – A cabotagem, que é a navegação entre portos marítimos de um mesmo país, é uma alternativa competitiva para o setor industrial que precisa escoar sua produção e reduzir o custo logístico. Por isso, empresas operadoras desses serviços participaram nesta quarta-feira (21) de reunião promovida pela Câmara de Assuntos de Transporte e Logística realizada na FIESC, em Florianópolis, com empresas interessadas em ampliar o uso do transporte marítimo para escoar a produção.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, afirmou que é importante o setor produtivo e a sociedade catarinense conhecerem a cabotagem. “Precisamos discutir ações e demandas para aumentar a participação desse modal em Santa Catarina, fazer com que a cabotagem seja ampliada. Ela estará na nossa agenda de prioridades de transporte e logística, que vamos lançar no dia 12 de dezembro”, adiantou.
Ele destacou ainda a eficiência dos cinco portos catarinenses e a boa capacidade de carga. “Em 2017 tivemos uma corrente de comércio de U$S 21,1 bilhões e movimentou 42,6 milhões de toneladas de cargas. O caminhão é insubstituível, mas é complementar à cabotagem que se torna competitiva para transportes superiores a 1,2 mil quilômetros. Um navio pode retirar de 2.500 a 4.000 caminhões das rodovias”, frisou.
Leonardo Graciano, da Log-In, afirmou que o Brasil tem 8 mil quilômetros de costa trafegável e 80% da população está em até 200 quilômetros da costa. “Portos de sul ao norte do estado, saídas regulares e semanais, com picos de trânsito relativamente bons, fazem de Santa Catarina uma região abençoada em termos de cabotagem”, avaliou. O modal marítimo consome oito vezes menos combustível.
Leonardo Silva, da Aliança Navegação e Logística, destacou que a saída para dar vazão à produção industrial é o mar. “Até setembro registramos 16% de aumento na cabotagem no Estado. Hoje temos 37 mil TEUs de capacidade de cabotagem e 11 navios operando. A Aliança está investindo no modal que tem muito a crescer ainda. Investimos em frota R$ 1,05 bi de 2013 a 2018. Temos operação em todos os portos brasileiros”, informou.
“A cabotagem tem que fazer parte da estrutura logística do país, é importante para a indústria e para o Brasil porque reduz o custo logístico e é uma alternativa competitiva para o setor”, enfatizou Rodrigo Passos, da Mercosul Line. A empresa integra o grupo CMA CGM, que opera 489 navios no mundo e está presente em 160 países.
Ana Deutschman, da GeoMarítima Intermodal, abordou questões relacionadas ao transporte marítimo de cargas frigorificadas. “A cabotagem só melhorou nos últimos anos. Temos clientes de frigoríficos que iniciaram o transporte marítimo e substituíram o rodoviário para longas distâncias, garantindo mais segurança para a carga”, disse. Ela citou melhorias tecnológicas que vêm sendo estudadas pela empresa para aprimorar o monitoramento contínuo da temperatura da carga. A reunião foi acompanhada via hangout por indústrias do setor alimentício do Oeste.
Marcelo Campos, da Arcelor Mittal Vega, que tem 15 mil empregados e 29 unidades de negócio e produz bobinas laminadas e revestidas, produz 1,6 milhão de toneladas/ano, contou que a proximidade com o porto de São Francisco foi fundamental para incentivar o uso da cabotagem. 95% da logística inbound da empresa é via cabotagem, no entanto, o escoamento da produção ainda é feito predominantemente pelo modal rodoviário (89%).
“Em outubro operamos uma carga para uma montadora no Nordeste via cabotagem de break bulk (mercadorias que devem ser carregadas individualmente). O embarcador quer segurança para as pessoas e para os produtos. Quando fizemos as contas, após a tabela de fretes da ANTT, decidimos fazer essa operação-piloto e tivemos uma redução de 20% do custo logístico”, relatou.
Dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (ANTAQ) mostram que o estado cresceu 5,7 pontos percentuais no transporte via cabotagem em 2017 (11,5%), se comparado com a participação em 2010 (5,8%).
Fonte: FIESC
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