Mapeamento da FIESC reúne 73 entrevistas sobre coleta seletiva, triagem, revenda e recuperação de todo o estado. Estudo foi apresentado em reunião conjunta do Comitê Estratégico para Logística Reversa e da Câmara de Qualidade Ambiental da FIESC, nesta quarta-feira (10), em Florianópolis.
Florianópolis, 10.10.2018 – A separação correta dos resíduos ainda é um importante desafio para melhorar a cadeia catarinense da reciclagem, mostra mapeamento realizado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). A ampliação e implantação da coleta seletiva nas cidades, informalidade no setor, falta de força de trabalho qualificada, carga tributária elevada, alto custo do frete e dos equipamentos para modernizar as atividades e a falta de políticas públicas também são obstáculos para o melhor desempenho do setor, aponta estudo apresentado em reunião conjunta da Câmara de Qualidade Ambiental e do Comitê Estratégico de Logística Reversa da entidade, nesta quarta-feira (10), em Florianópolis.
A pesquisa é uma iniciativa do Plano de Sustentabilidade para a Competitividade da Indústria Catarinense, executada pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/SC), com o apoio do SENAI e da Engie. O objetivo é obter um diagnóstico da cadeia de reciclagem em Santa Catarina, identificando os seus atores e as principais distorções e oportunidades relativas à gestão da logística reversa. Para elaborar o estudo, a FIESC analisou 73 questionários respondidos por empresas catarinenses que compõem os quatro elos da cadeia: coleta seletiva, triagem, revenda e recuperação. Foram identificadas a origem e o destino dos materiais coletados e aspectos como estrutura, gestão tecnologia e capacidade instalada.
Por meio da coleta seletiva é feito o transporte de resíduos sólidos recicláveis originários de indústrias, condomínios, centros urbanos e comércio. Os centros de triagem são compostos por associações de catadores e instituições que realizam a separação do resíduo por tipo (papel, plástico, vidro e metais, por exemplo). O material que não possui condições de recuperação ou reaproveitamento é descartado (rejeito). A revenda é a ligação entre os centros de triagem e os aparistas ou empresas de recuperação. Estas empresas realizam a separação detalhada dos resíduos por tipo de polímeros plásticos, metais ferrosos e não ferrosos e a classificação de papeis por tipo. Na etapa da recuperação é feita a aquisição de resíduo pré-selecionado e a recuperação de matéria-prima reciclada. As empresas que participaram da amostra desta pesquisa trabalham com papel ou plástico.
No mapeamento foram diagnosticados três tipos de fontes de resíduos utilizados na reciclagem: resíduos pós-consumo doméstico (coletado em domicílio e nos pontos de entrega voluntária), pós-consumo não doméstico (coletado no varejo) e pós-indústria (aparas do processo produtivo e sobras que podem ser reaproveitadas pelo setor).
O coordenador do Comitê Estratégico de Logística Reversa da FIESC, Albano Schmidt, apresentou o mapeamento e destacou o trabalho da entidade para estabelecer uma logística reversa eficiente. “Santa Catarina é exemplo em desenvolvimento econômico, descentralização, tratamento dos mais diversos de resíduos. Somos exemplo por acabar com os lixões e na busca por soluções para o lixo da construção civil. Estamos virando referência em várias áreas e queremos ser assim em relação a logística reversa”, afirmou.
“A indústria quer ter competitividade, atender todos os regramentos das questões ambientais, e a questão de resíduos sólidos, em função da política nacional, é um tema muito importante e diário nas indústrias”, declarou José Lourival Magri, presidente da Câmara de Qualidade Ambiental da FIESC, lembrando que em 90% dos municípios catarinenses os resíduos sólidos são encaminhados para aterros sanitários, não mais para lixões. “Temos muito o que fazer nessa área de reciclagem e logística reversa, na gestão dos resíduos como um todo, e estamos perdendo muito dinheiro ao não dar o destino adequado a todos os resíduos”, acrescentou.
Pesquisa – Conforme o levantamento, 50% das companhias consultadas são microempresas, 35% são pequenas e 15% são de médio porte. 66% das empresas ouvidas disseram que têm até 10 funcionários, 19% têm de 11 a 20 trabalhadores e 15% têm acima de 20 profissionais. Do total de resíduos que as empresas compram, 23% provêm do pós-consumo doméstico, 24% dos pós consumo não doméstico, 29% do pós-consumo industrial (resíduos de embalagens de insumos que já foram descartados) e 24% são de aparas da indústria.
O levantamento revela também que 58% das empresas fazem a própria coleta dos resíduos e 42% disseram que a coleta é feita por outras pessoas. 75% das participantes afirmaram que a coleta é feita todos os dias, 12% fazem uma vez na semana e 13% uma vez no mês. 28% das pesquisadas recuperam material ferroso, 24% material não ferroso, 8% tetrapack, 16% plástico, 4% vidro, 4% cobre e latão e 4% materiais usados no setor de saúde. 70% das companhias têm sede própria e 30% alugada. Em relação ao sistema utilizado para separação, 23% usam esteira de separação, 22% faz manualmente, 11% disseram que os resíduos já vêm separados, 11% separam em máquinas, 11% usam mesas de separação, 11% mesclam os sistemas de separação e outros 11% já recebem o resíduo separado do cliente. Em relação às atividades mais representativas para os negócios da empresa, 43% informaram que é a revenda, 24% disseram que é a coleta, 19% é o centro de triagem, 9% é a industrialização/transformação e 5% não responderam.
Entre as recomendações do estudo estão desenvolver programas e campanhas de educação e conscientização da população para a separação adequada e destinação correta de resíduos recicláveis; implementar e ampliar a coleta seletiva em todos os municípios de SC, em parceria com catadores, cooperativas e prefeituras; valorizar os resíduos recicláveis, bem como produtos com conteúdo reciclável; e criar mecanismos de incentivo à reciclagem, desde o cidadão (consumo consciente/preservação de meio ambiente) até reciclador (com incentivos fiscais e tributários).
Geferson Santos, diretor dos Institutos SENAI de Tecnologia, apresentou ainda uma proposta que está sendo desenhada de forma conjunta entre as entidades da FIESC, sindicatos filiados, indústrias além de outras parcerias, para a logística reversa no Estado.
Fonte: FIESC
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