Produção de partículas praticamente invisíveis a olho nu e que são aplicadas a produtos convencionais, gerando propriedades funcionais, têm crescido no estado, consolidando um novo segmento da indústria; os desafios e oportunidades desse setor foram debatidos nesta quinta (4) na FIESC.
Florianópolis, 04.10.2018 – Fabricante de nanopartículas com propriedades funcionais para tecidos, cosméticos, alimentos e materiais diversos, a Nanovetores, localizada em Florianópolis, obteve um crescimento de exportações na ordem de 300% no último ano. Essas partículas, praticamente invisíveis a olho nu, podem ser aplicadas, por exemplo, a tecidos que passam a ter a capacidade de repelir mosquitos ou hidratantes.
A Nanovetores, a Cetarch (de Criciúma, que aplica nanotecnologia à cerâmica) e Extratos da Terra (de Palhoça, que aplica nanotecnologia em produtos cosméticos) foram os três cases apresentados nesta quinta (4) no Workshop Nanotecnologia para a Indústria, evento que faz parte do programa homônimo, mantido em parceria entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e as federações de indústria, como a FIESC. A nanotecnologia consiste em produtos extremamente minúsculos, correspondente a milionésimos de milímetros, numa proporção do tamanho de uma laranja, na comparação com a do planeta Terra.
“A nanotecnologia abre uma gama de oportunidades para a miniaturização de componentes e apresenta um amplo potencial de aplicação em importantes setores industriais. É, portanto, uma oportunidade de diferenciação que precisa ser considerada pelo nosso setor produtivo”, disse o diretor de desenvolvimento institucional e industrial da FIESC, Carlos Henrique Ramos Fonseca. Ele citou exemplos dessas tecnologias que estão em desenvolvimento em Santa Catarina com o apoio do SENAI. No segmento de tecnologia da informação e da comunicação, sistemas embarcados estão sendo integrados com nanosensores e nanoatuadores produzidos a partir de nanomateriais.
Na área de meio ambiente estão sendo aplicadas nanopartículas para tratamento de águas e efluentes, solos, resíduos e emissões atmosféricas. No setor de alimentos e bebidas, especialistas do SENAI criam produtos saudáveis com nanocompostos e ingredientes ativos nanoencapsulados. Na área de cerâmica são adicionados nanopartículas para otimização de materiais. No setor metalmecânico e metalúrgico é realizado tratamento de superfícies com nanomateriais. Na área têxtil e de confecção são desenvolvidos fios e tecidos inteligentes com nanopartículas.
Fonseca destacou ainda estudo do Observatório FIESC que aponta os setores de tecnologia da informação e comunicação (TIC), robótica & automação, biotecnologia, sustentabilidade e novos materiais como os com maior potencialidade de conexão à nanotecnologia. “De forma convergente, essas atividades impulsionarão o movimento nacional da manufatura avançada, mais conhecida no Brasil como Indústria 4.0”, acrescentou.
O analista de políticas e indústria da CNI, Cristiano Silva, destacou a parceria da entidade com a ABDI como forma de estimular o desenvolvimento de nanotecnologia na indústria nacional. “Há muito o que se fazer, inclusive fortalecendo a cooperação com a academia”, disse. “A nanotecnologia tem melhorado o desempenho de diversos setores industriais, que é uma das chaves para o desenvolvimento do setor”, acrescentou.
Especialista em nanotecnologia, biotecnologia e saúde da ABDI, Clelia Guimarães entende que a nanotecnologia estabelece um novo paradigma para o Brasil se espelhar. Ela citou que o Programa Nanotecnologia para a Indústria já realizou ações em duas dezenas de organizações do setor.
“Ou a indústria incorpora nanotecnologia em seu planejamento tecnológico ou vai ter dificuldades de se manter no mercado devido à concorrência”, afirmou o diretor do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, de Florianópolis, André Pierre Mattei.
Eric Cardona Romani, pesquisador-chefe do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Virtuais de Produção, do Rio de Janeiro, comparou a nanotecnologia à indústria 4.0 como desafio para o desenvolvimento industrial. “Temos que ter com a nanotecnologia a mesma preocupação, incluindo a capacitação de profissionais, que temos com a indústria 4.0”, disse. Ele citou as potencialidades do uso do grafeno, um componente do carbono e que pode ser extraído da biomassa, ou seja, pode ser obtido a partir do lixo. O grafeno pode ser, por exemplo, a base para a produção deo um telefone celular flexível (que já está sendo desenvolvido e deve chegar ao mercado em breve) ou para a dessalinização da água.
Ao final, representantes do BNDES, BRDE, Badesc, Finep, SENAI/SC e IEL/SC participaram de painel que tratou de financiamento para a nanotecnologia.
Fonte: FIESC
Simpesc nas redes sociais