Em reunião de diretoria da FIESC, a economista disse que o próximo presidente não vai ter “lua de mel”. Terá que ingressar rapidamente com uma agenda muito clara, com foco em reformas.
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Florianópolis, 16.3.2018 – “Não esperamos um ambiente eleitoral que gere turbulência na economia e não estamos esperando turbulência no mercado ao longo deste ano. Temos feito essa avaliação desde o ano passado”, disse a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, durante reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta-feira (16), em Florianópolis. Segundo ela, ainda que o quadro político tenha muitas indefinições, ele não é tão desafiador do ponto de vista da política como ocorreu em 2014. “Os mercados estão dando os benefícios da dúvida aos candidatos. Agora a contrapartida é que o próximo presidente não vai ter lua de mel. Já vai ter que entrar com uma agenda muito clara”, alertou.
“A discussão para 2019 não é se vamos ter reforma ou não. A discussão é quem consegue entregar mais”, declarou a economista, destacando que sem a reforma da previdência a taxa Selic volta para os dois dígitos. “Estamos envelhecendo rápido. Até 2030 vamos praticamente dobrar o número de pessoas idosas no Brasil. Os gastos com a previdência já estão subindo num ritmo muito acelerado e vão subir num ritmo ainda mais acelerado”, prevê.
O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, reforçou o apoio à reforma da previdência. “O que vai ajudar na redução de juros é nós modernizarmos o País e fazermos as reformas que o País precisa porque aí os juros passam a ser uma consequência”, observou.
A economista enfatizou que a agenda de reformas é uma agenda da política. “É a política que vai ajudar a destravar. O custo de não fazer reforma no ano que vem é muito alto e o custo que estou falando é o de o sujeito não terminar mandato. Sai muito mais barato fazer reforma da previdência do que deixar o ambiente macroeconômico explodir”, alertou.
Zeina salientou que as agendas de ajuste fiscal não são apenas agendas de ministro da Fazenda. “Tem que ser agenda de governo”, reforçou, lembrando que quando se fala em fazer ajuste fiscal, precisa cortar gastos, rever privilégios e políticas públicas que não ajudam a crescer e a melhorar a distribuição de renda da sociedade. Então é uma agenda difícil politicamente”, observou.
Durante sua apresentação, a economista fez em paralelo entre a situação do Brasil em 2015 e 2018. “A diferença é que lá havia falta de agenda para o País, com um problema fiscal grave que está na origem da crise e que não tinha perspectiva para consertar. O lado bom é que hoje o Brasil tem agenda econômica”, ressaltou, lembrando que hoje questões como o equilíbrio fiscal, reformas estruturais para estabilizar a dívida pública e para cortar gastos são melhor compreendidas pela sociedade.
Na opinião da especialista, o desafio do equilíbrio fiscal não é negado por mais ninguém que se vê competitivo no cenário eleitoral. “Quem acha que pode ganhar não nega o problema. Tem limite para se negar problemas em campanha. Se corre o risco de ganhar a eleição, ter que fazer ajuste e aí perder a legitimidade”, completou. Ela chamou a atenção para a importância da recuperação em curso no quadro eleitoral.
“A economia no Brasil importa e muito para nossa sociedade. Somos um País de renda média, em que 70% das pessoas têm renda média per capta de um salário mínimo. Somos um País de muitos desafios sociais e é obvio que a economia importa”, explicou, lembrando que o próximo presidente que chegar tem uma série de restrições e não tem espaço para aumentar gastos. “Pelo contrário, a discussão é fazer reformas”, concluiu.
Fonte: FIESC
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