Em painel na Expogestão 2016, em Joinville, diretor regional do SENAI/SC destacou necessidade de gerir informações coletadas pela Internet das Coisas.
Joinville, 06.5.2016 – Até 2020, mais de 50 bilhões de objetos – ou sete vezes a população mundial – estarão interconectados, promovendo negócios estimados em 32 trilhões de dólares. Mais relevante que o volume de recursos movimentados, entretanto, é que esta hiperconectividade está modificando a sociedade e a economia, permitindo rapidez e eficiência na tomada de decisões.
Decorrente da redução dos custos de processamento, armazenamento e transmissão de dados, o fenômeno ganha diversas denominações, incluindo Internet das Coisas, Internet Industrial ou Indústria 4.0. O tema foi debatido na manhã desta sexta-feira (6) na Expogestão 2016, em painel que contou com a participação de Jefferson de Oliveira Gomes, diretor regional do SENAI/SC, entidade da FIESC.
Dois exemplos explicam os benefícios dessa hiperconectividade, da qual surge uma quantidade inimaginável de dados que podem ser usados nas decisões. Um caso é a previsão do tempo. Nos Estados Unidos, essa informação resulta da análise de mais de 210 milhões de dados – sobre pressão barométrica, temperatura, umidade do ar, entre outros – coletados em um dia típico. Outro exemplo são os softwares de orientação no trânsito. Tomando informações em tempo real de smartphones de um grande número de usuários, esses sistemas informam os motoristas sobre os melhores trajetos.
A indústria também deve se inserir nesta nova realidade. Conforme Jefferson de Oliveira Gomes, a interconectividade envolve máquinas, plantas industriais e o consumidor. “O mais importante para a indústria hoje é gerir a informação”, explicou. Neste contexto, ele considera que há uma tendência de digitalização, inteligência artificial, ampliação de sensores, robótica colaborativa e máquinas híbridas. “É preciso entender o que acontece dentro da máquina, dentro da fábrica, entre indústrias e entre o consumidor e a indústria”, acrescentou.
A gestão da informação como fator de competitividade também foi destacada no painel pelo diretor de soluções na Hewlett Packart, Reinaldo Lorenzato. “Na indústria do futuro, serão processadas mais informações do que matérias primas e componentes”, afirmou. Ele lembrou que a fabricação de uma chapa metálica pode gerar informações sobre mais de 1,2 mil variáveis, que devem ser analisadas para se encontrar a melhor decisão a ser tomada. Segundo Lorenzato, a tendência é que “a indústria não fabrique produtos em quantidades desnecessárias e que eles sejam sempre mais personalizados”.
O presidente da Pollux Automation, José Rizzo Hahn Filho, observou que o desenvolvimento tecnológico está promovendo profundas mudanças no mundo dos negócios. “Empresas gigantes e internacionais estão sendo substituídas por empresas menores, mais ágeis”, disse. Ele citou a experiência do Consórcio de Internet Industrial, do qual sua empresa faz parte, junto com outras 250 companhias de todo o mundo. “O desafio hoje é reduzir a latência da informação para que máquinas e pessoas tomem decisões melhores e mais rápidas”, disse.
Valsoir Tronchin, vice-presidente de Vendas e Inovação da SAP Brasil, destacou que a hiperconectividade, supercomputação, computação na nuvem, inteligência artificial, economia circular (o reaproveitamento daquilo que as pessoas já têm) e segurança cibernética são inovações que estão mudando a sociedade de maneira geral e a indústria, em particular. “A Internet das Coisas tem a ver com reimaginar os processos de produção e negócios”.
Como exemplo, lembrou que as pessoas não têm mais coleções individuais de música, pois podem assinar serviços que oferecem uma infinidade de opções nos mais diversos gêneros artísticos. E citou outros exemplos de como os negócios podem ser repensados. “As pessoas não precisam de uma furadeira, e sim de um furo; indústria de compressores passou a vender ar comprimido por metro cúbico, oferecendo o equipamento e o projeto”.
Educação profissional
O diretor regional do SENAI/SC, que também é professor de engenharia mecânica e aeronáutica e atua no Centro de Competência em Manufatura do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), abordou ainda a situação brasileira e os desafios da qualificação profissional. “O Brasil tem uma cadeia de suprimento frágil, que precisa ser desenvolvida”. Além disso, destacou a necessidade de pensar os setores estratégicos para o País.
Ele ainda observou que os robôs devem assumir as funções que as pessoas não querem mais executar. Ressaltou que 30% dos empregos atuais não existiam há 10 anos e que dentro de oito anos, 65% das pessoas executarão funções que não existem hoje. Para isso, considera de extrema importância a qualificação dos trabalhadores para essa nova realidade. “Apenas 6% da população brasileira tem curso técnico. Na Alemanha, esse índice é de 56% e nos países nórdicos, superior a 70%”, ressalta.
José Rizzo Hahn Filho salientou que a educação é um desafio para a Internet Industrial em todos os países, pois, “60% dos profissionais de TI do planeta confessam que não estão preparados para essa nova era. O sistema educacional no mundo inteiro não está preparado”.
Fonte: FIESC
Simpesc nas redes sociais