Subsidiado, programa atenderá indústrias de 11 a 200 empregados. Iniciativa contribuirá para reverter baixa produtividade brasileira, revelada em estudo da FIESC.
Florianópolis, 29.4.2011 – O SENAI/SC, entidade da FIESC, está oferecendo consultorias de baixo custo para 280 indústrias que possuam de 11 a 200 funcionários, nos setores moveleiro (60 empresas), metalmecânico (120), calçados (40) e alimentos e bebidas (60). Trata-se de um programa de intervenções rápidas, de baixo custo, com o objetivo de obter ganhos expressivos de produtividade por meio de técnicas de manufatura enxuta. A iniciativa integra o Programa Brasil Mais Produtivo, desenvolvido em parceria entre o SENAI Nacional e a CNI. Em todo o país, o atendimento deve beneficiar três mil indústrias.
A iniciativa surgiu em proposta do Conselho de Política Industrial da CNI (Copin) e deve ser ampliada após a primeira fase. “A meta é atingir 30 mil empresas no Brasil”, revelou Glauco José Côrte, presidente da FIESC e do Copin.
Apresentado na reunião de diretoria da FIESC nesta sexta-feira (29), o programa consiste em 36 horas de consultoria, com foco na identificação e quantificação dos desperdícios no processo produtivo, utilizando ferramentas simples e de fácil assimilação. Ao término, as empresas terão em mãos um método para identificar, priorizar e quantificar os desperdícios, ferramentas para quantificação de custos e propostas de melhoria para a redução dos desperdícios.
O programa tem mais de 80% do seu custo subsidiado pelo SENAI. Assim, cada empresa beneficiada desembolsa R$ 3 mil, de um total de R$ 18 mil, que é o valor orçado para cada consultoria. No projeto piloto, realizado em Blumenau, a empresa Vedax obteve propostas de melhoria com projeção de ganho dez vezes superior ao valor investido.
FIESC realiza estudo sobre produtividade
A iniciativa pode contribuir para reverter a baixa produtividade brasileira, que foi tema de um estudo Observatório da Indústria, da FIESC, e que, igualmente, foi apresentado na reunião de diretoria da entidade. Entre as conclusões da pesquisa, está a de a que a eficiência da indústria brasileira corresponde a 31% da registrada pelo parque fabril norte-americano. Além disso, constatou o estudo, a produtividade de um trabalhador brasileiro equivale a 24,1% da do norte-americano, 32,4% do alemão, 40,4% do sul coreano e a 119,5% do chinês.
Em sua apresentação, Sidnei Rodrigues, coordenador do Observatório, ressaltou deficiências que o País apresenta nos fatores que contribuem para a produtividade. Segundo ele, os aspectos preponderantes são o capital humano (representado pela educação e pela qualificação profissional) e a inovação. Em ambos, o Brasil apresenta sérias deficiências.
Citou por exemplo, que o País está na 93ª colocação entre 144 países no quesito educação superior e treinamento, assim como reduziu sua colocação no Programa Internacional de Avaliação de estudantes (PISA, na sigla em inglês), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2000 para 2012.
Outros fatores que contribuem para a baixa produtividade e nos quais o País também apresenta dificuldades são infraestrutura e credibilidade das instituições. Entre as 144 nações estudadas em pesquisa do Global Competitiveness Index (GCI), o Brasil ocupa a 123ª colocação em infraestrutura geral e a 121ª em qualidade rodoviária, que é o principal modal de transporte local. No quesito ética nos negócios, o Brasil caiu da 82ª colocação em 2006-2007 para 121º em 2015.
Mesmo em aspectos de gestão industrial, a economia brasileira apresenta carências. Por exemplo, em número de empresas que adotam ferramentas como a lean manucfacturing (produção enxuta), o país alcança uma nota intermediária 2,7, num ranking em que a menor pontuação, de Moçambique, é de 2,1 e a maior, dos Estados Unidos, é de 3,3. “Entre os 2,7 do Brasil e os 3,3 dos Estados Unidos, existem mais de 70 países”, afirmou Rodrigues.
Outro fator que revela o baixo índice da produtividade brasileira, é o perfil do setor de serviços. Enquanto que em países como os Estados Unidos, este segmento se concentra em prestação de serviços para a indústria, no Brasil é focado em serviços ao consumidor. Outra constatação é a baixa eficiência das indústrias de pequeno e médio porte.
Na comparação com as grandes indústrias, no Brasil as pequenas empresas apresentam taxa de produtividade correspondente a 27% e as micro, de 17%. Na Alemanha, essa relação é, respectivamente, de 70% e 67%. “Mas a micro e a pequena são quase 89% da economia”, ressaltou, lembrando que, tanto no Brasil quanto na Alemanha, o número de empresas de micro e pequeno porte representam 97% do total de estabelecimentos.
Fonte: FIESC
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