1.  
  2.  
  3.  
  4.  
  5.  
  6.  
  7.  
  8.  
  9.  
  10.  
  11.  
  12.  
  13.  
  14.  
  15.  
  16.  
  17.  
  18.  
  19.  
  20.  

PARCERIA TRANSPACÍFICO põe OMC no Limbo, diz Arbache

10 de novembro de 2015
PARCERIA TRANSPACÍFICO põe OMC no Limbo, diz Arbache

Em reunião do Fórum Estratégico da FIESC, o economista afirmou que o TPP estabelecerá os parâmetros que governarão as relações econômicas do século 21.

Florianópolis, 9.11.2015 – A Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) colocará a Organização Mundial do Comércio (OMC) no limbo, praticamente “enterra” a Rodada de Doha e deve provocar o abandono paulatino dos princípios multilaterais que regulam as relações econômicas.

Este foi o cenário traçado pelo economista e professor da Universidade de Brasília, Jorge Arbache, que fez um panorama dos impactos do histórico acordo comercial entre os Estados Unidos, Japão e mais dez países, durante reunião do Fórum Estratégico da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC).

O Fórum reúne algumas das principais lideranças catarinenses da indústria e da sociedade. A reunião foi realizada na manhã desta segunda-feira (9), em Florianópolis.

“Estamos começando a discussão. Não se conhece toda a extensão do acordo, mas temos que nos antecipar, considerando as implicações e repercussões disso tanto na economia brasileira quanto em Santa Catarina”, afirmou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.

Depois de oito anos de negociações, a conclusão do primeiro acordo plurilateral da história se deu em outubro. Agora, os parlamentos dos países-membros precisam ratificá-lo.

Apesar das resistências e controvérsias em torno da TPP, estima-se que deve vigorar em 2017. O bloco, que reúne 40% do PIB global e 30% do volume comercial mundial, é parte de um conjunto de políticas que inclui a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) e Trade in Services Agreement (TISA).

Segundo Arbache, há consenso entre os estudiosos do assunto que os setores que mais se beneficiarão são os de serviços e de propriedade intelectual, quando calculado em valor adicionado. Estes segmentos também serão as principais fontes de geração de emprego e renda no século 21.

Na opinião do economista, o acordo é preocupante para o Brasil, pois o país está integrado às cadeias de valor basicamente por commodities; há baixa competitividade industrial e de serviços; baixa produção de conhecimento; não existe um projeto coerente e realista para os padrões das relações econômicas no século 21, além de não haver estratégia para o Mercosul.

“Não sabemos o que queremos do Mercosul, dos americanos, da União Europeia. Estamos fora das discussões da nova governança das relações econômicas globais. Nos tornamos literalmente passageiros.

Não temos voz e não participamos das mesas. Estamos reagindo e não agindo para defender nossos interesses. Ficaremos ainda mais isolados comercialmente com a entrada em vigor do TPP”, alertou ele. De imediato, há previsão de um desvio de comércio e investimentos que trará prejuízos para o setor agrícola e pecuário do Brasil.

A ênfase dada pelo acordo aos serviços e à propriedade intelectual se justifica por sua crescente importância: hoje eles representam 54% do comércio global medido em valor adicionado e devem responder por 75% até 2025.

Calcula-se que atualmente o mercado de serviços comerciais é de US$ 4 trilhões, mas deve alcançar US$ 10 trilhões nos próximos dez anos. Estima-se que deve crescer o fornecimento de muitos serviços a partir de terceiros países. Como exemplo, o professor citou o Uber, sistema de transporte administrado por uma empresa americana, mas que opera em diversos países, além do Netflix.

“Há estudos feitos pelo departamento de comércio exterior americano que, uma vez implementada a TPP, as exportações de serviços e propriedade intelectual do país aumentarão em pelo menos US$ 300 bilhões anualmente. Os Estados Unidos se beneficiarão da sua imensa competitividade na área de serviços”, explicou Arbache.

Merval Pereira: O jornalista e comentarista político Merval Pereira disse que a crise moral é a que mais dificulta soluções para o Brasil sair da crise. “A política está sendo feita sem pudor.

Ninguém tem compromisso mais com nada. Esse valor moral está dificultando a solução. A população não sai na rua de novo porque as coisas continuam como estão. As pessoas estão desanimadas. Estamos numa escalada da deterioração da política muito séria. Não vejo líder político que vá surgir dessa confusão”, afirmou.

Custos logísticos: Durante a reunião foram apresentados dois vídeos: um mostrou o cenário nas principais rodovias estaduais, com destaque para BRs como a 470, a 101 e a 282.

O outro audiovisual evidencia as dificuldades enfrentadas pelos usuários do aeroporto Hercílio Luz, inclusive cadeirantes e pais com crianças no colo, obrigados a se deslocar até as aeronaves abaixo de chuva em meio a poças d’água.

Lembra também do anúncio da construção do novo terminal, em 2004, e que, dez anos depois, não há sequer previsão para conclusão.

Pesquisa apresentada aos empresários mostrou que os custos com transporte representam 49% do total gasto pelas indústrias catarinenses com logística de suprimentos e produtos acabados.

Isto significa que 7% do faturamento total do setor produtivo é direcionado para este fim, enquanto outros 7% são despendidos com estoque e armazenagem.

O impacto sobre as indústrias do Estado, de 14%, é maior que a média brasileira, de 11,2%, e que os 9% estimados para outros países. O levantamento é uma iniciativa da FIESC em conjunto com a UFSC.

Ao final da reunião foi apresentado um panorama do Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense (PDIC 2022) e o funcionamento do observatório de inteligência industrial da FIESC.

Fonte: FIESC

 
 


somos afiliados: