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30% DA ÁGUA TRATADA no Brasil é desperdiçada na distribuição

06 de outubro de 2014
30% DA ÁGUA TRATADA no Brasil é desperdiçada na distribuição

Engenheiro da agência alemã GIZ afirma que isso corre por causa da rede de tubulação antiga, que favorece vazamentos, além da gestão pouco eficiente do sistema.

Florianópolis, 3.10.2014 – No Brasil, 30% de toda a água tratada é desperdiçada durante a distribuição aos consumidores. O principal motivo que leva a essa perda é a rede de tubulação antiga, que é mais suscetível a vazamentos, além da gestão pouco eficiente do sistema, afirmou o engenheiro da Agência de Cooperação Internacional da Alemanha (GIZ), Raúl Trujilo Alvarez.

O especialista participou de seminário sobre saneamento, promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta-feira (3), em Florianópolis. O evento é mais uma ação do Plano de Sustentabilidade para a Competitividade da Indústria Catarinense.

“Estamos jogando fora um volume impressionante de água. Isso não é negócio para ninguém. A água no Brasil é barata demais. Enquanto não for cobrado o custo real, não vamos otimizar o sistema”, afirmou Alvarez, salientando que junto com a água também está sendo desperdiçada a energia elétrica gasta na operação do sistema para captação e tratamento. Segundo ele, o nível de perda aceitável é de até 8%, como ocorre na Alemanha.

No caso do Brasil, o consumidor também tem uma parcela de responsabilidade, explicou ele, lembrando que boa parte da estrutura de saneamento é subsidiada. Com isso, o preço pago pelo consumidor para receber a água é considerado baixo se comparado aos países que cobram pela água e pela infraestrutura do sistema. “Quando pesa no bolso, é diferente”, disse.

Em relação ao tratamento de esgoto, o engenheiro da Casan, Fábio Cesar Krieger, afirmou que a população urbana de Santa Catarina é de 5,2 milhões habitantes, mas só 14% desse total têm coleta e tratamento. O especialista destacou que de 1997 a 2007 não houve financiamento para o setor, o que impossibilitou novos investimentos.

No entanto, a partir de 2008, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) mais as parcerias com instituições internacionais, essa situação mudou. De 2014 a 2017, a estatal catarinense prevê investir R$ 1,5 bilhão no abastecimento de água e no tratamento de esgoto. Serão beneficiados 31 municípios e 963 mil habitantes.

Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que seriam necessários de R$ 7 a 8 bilhões para universalizar o saneamento em Santa Catarina. Em 2010, 1,4 milhão de domicílios não tinha acesso à rede de esgoto no Estado. De lá para cá, acredita-se que não tenha mudado muito. As informações foram apresentadas pelo presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos.

Na opinião do presidente da Câmara de Qualidade Ambiental da FIESC, José Lourival Magri, a infraestrutura de saneamento é tão importante quanto a infraestrutura logística (portos, aeroportos e estradas). Para reduzir os problemas na área ele acredita que um dos caminhos é a realização de parcerias público-privadas, como vem ocorrendo no setor aeroportuário. “Santa Catarina tem um bom desenvolvimento econômico e social, mas, infelizmente, no saneamento estamos entre os sete piores Estados do país. Temos que colocar o dedo na ferida. Não dá mais para conviver com isso”, afirmou.

Saneamento do século 18: “A situação do saneamento no Brasil é dramática. Não é força de expressão. É ruim mesmo”, afirmou Édison, do Trata Brasil. “O país parou no século 18 e 19 em saneamento”, completou ele, que está à frente de uma entidade referência no acompanhamento da questão no país.

Esta é uma área da infraestrutura pouco debatida e não avança apesar dos esforços de muitas instituições. “É um tema que não comove as autoridades. Visitei 25 cidades do Pantanal e a maioria não trata um litro de esgoto, vai direto para as nascentes”, ressaltou.

Apesar da importância do saneamento, a população não dá o devido reconhecimento. Pesquisa do Ibope mostra que 50% dos entrevistados não estão dispostos a pagar por isso. “O brasileiro ainda acha que é um serviço que não precisa. Necessitamos da sociedade para mudar isso”, disse ele.

O especialista também alertou para as doenças causadas pela falta de saneamento. Elas afetam, principalmente, crianças de 0 a 5 anos (53% dos internamentos por diarreia). Os gastos do SUS nas cidades com piores índices de saneamento é 40 vezes maior do que nos municípios que investem na área.

No encontro, o consultor do SENAI/SC, Ricardo Hubner, apresentou as ações para a área de saneamento realizadas pelo do Instituto de Tecnologia Ambiental da entidade, que atua em todo o Estado.

Fonte: FIESC

 
 


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