Evolução é ditada por artefatos de maior valor e dependentes de mão de obra intensiva e especializada.
Após vencer o páreo para sediar a fábrica brasileira da BMW, Santa Catarina quer atrair mais montadoras. Quem sai ganhando é também a indústria de plásticos. “O nicho de injetados tem grande potencial de expansão em vista do polo automotivo em formação no Estado”, aposta Albano Schmidt, presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico de Santa Catarina (Simpesc).
A acalentada chegada de novas grifes de automóveis, inclusive, já pesa numa mudança do perfil industrial local. “Haverá outro tipo de transformação, mais especializada, com maior uso de mão de obra e melhor capacidade de agregação de valor”, destaca o dirigente, ressaltando que, proporcionalmente, volumes fornecidos deverão ser menores.
A sofisticação da indústria transformadora catarinense já acarretou incremento anual de 14% no faturamento e de 4,8% no número de empregos nos últimos quatro exercícios, estabelece Schmidt. Em contraste, entre 2009 e 2013 o aumento no consumo de resinas foi de apenas 1,6% ao ano no Estado. “Ficou abaixo do desejado, mas não do esperado em virtude da conjuntura brasileira e do momento vivido pela indústria”, justifica o porta-voz do Simpesc.
Ao mesmo tempo, ele encaixa, algumas empresas catarinenses expandiram operações para fora do Estado, levadas por incentivos fiscais, conveniência logística e a abrangência do mercado interno. Enquadram-se nesse contingente, distingue Schmidt, atividades que demandam mais tecnologia e escala, mas de valor agregado menor, a exemplo de filmes lisos, descartáveis e tubos.
A reviravolta, no entanto, teve o condão de baixar a participação de Santa Catarina no consumo aparente de resinas no Brasil. Essa fatia, delimita, Schmidt, saiu de 17,5% em 2009 para 14,3% em 2013. Em número de empresas, o Estado ocupa a quarta colocação no país, com 962 transformadores, ou 8,2% do total nacional, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).
Entre os focos-chave de investimento em Santa Catarina, despontam peças técnicas no polo de Joinville, enxerga o presidente, enquanto embalagens e descartáveis seguem em alta no oeste e sul do Estado, respectivamente.
Redutos locais como perfis e termoformagem, ao lado de filmes e tubos, amadureceram bastante, analisa Schmidt. “Mas mesmo sob ambiente econômico fora do ideal, a coragem de investir dos empresários daqui não cansa de nos impressionar”, ele atesta. “Há muitos investimentos em curso, difíceis de serem quantificados em virtude de sua pulverização entre as centenas de fábricas menores e médias que representamos”.
As perspectivas para o exercício atual acenam com melhora sutil. “Os dados do primeiro trimestre foram muito melhores que os do mesmo período em 2013 e cremos na continuidade da recuperação da demanda”, avalia o presidente do Simpesc.
Como o ano não anima maiores expectativas e já se configura como atípico, efeito da Copa do Mundo e eleições presidenciais, o consumo catarinense de resinas em 2014 não deve ultrapassar 2%, julga Schmidt.
Seja qual for o resultados da abertura das urnas em outubro, Schmidt, não vê razão para crer em crescimento vapt vupt em 2015. “Além de o governo não ter fechado gargalos logísticos, financeiros e na área de energia, ainda não encaminhou reformas como a fiscal, trabalhista e previdenciária e o clima também se ressente da desaceleração vigente em países emergentes”, completa.
Fonte: Plásticos em Revista
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