Dando continuidade ao legado do pai e do avô, dois ícones da indústria brasileira, Felipe Hansen, líder da terceira geração do Grupo Tigre, conduz um novo ciclo de expansão da empresa – Por Maurício Oliveira.
As lembranças mais antigas de Felipe Hansen relacionadas à empresa da família são lúdicas. Quando ele era criança, na década de 1980, o pai o levava para passear de buggy pela fábrica, ao lado da mãe, Rosane, e das irmãs, Carolina e Cristiane.
“A gente fazia perucas improvisadas com os macarrões de plástico que amarravam os tubos de PVC. Era um momento muito especial de brincadeiras em família”, lembra Felipe, hoje presidente do Conselho de Administração da Tigre, da holding CRH e do Instituto Carlos Roberto Hansen.
Esses passeios pela fábrica – que só podiam acontecer aos domingos, claro – foram parte de uma infância leve e tranquila em Joinville. “Mesmo com meu avô e meu pai trabalhando muito, eles sempre davam um jeito de separar tempo para compartilhar com a família.”
O pai e o avô são dois ícones da história empresarial catarinense e brasileira. O avô, João Hansen Júnior (1915-1995), foi o empreendedor visionário que transformou uma fábrica de pentes à beira da falência – negócio que assumiu em 1941, aos 26 anos – na pioneira do segmento de tubos e conexões de PVC no Brasil.
No início da década de 1990, João passou o bastão ao filho Carlos Roberto Hansen (1951-1994), conhecido como Cau, que já atuava na expansão dos negócios e consolidou a Tigre como marca de reputação internacional. Cau morreu tragicamente num acidente aéreo na Colômbia, em 1994.
Felipe estava na adolescência quando perdeu o pai e, no ano seguinte, o avô. Diante da missão de levar adiante o legado familiar, ele não chegou a ter dúvidas sobre trabalhar ou não na empresa. “Minha única questão era se eu estaria à altura das grandes figuras que me antecederam. À medida que tive uma preparação ampla, tanto teórica quanto prática, passei a acreditar com mais segurança que poderia dar a minha contribuição à história da Tigre”, conta o líder da terceira geração. Além da formação em Administração de Empresas, a preparação incluiu uma série de cursos complementares de gestão e de Governança Corporativa.
Felipe começou a trabalhar no Grupo Tigre em 1998, como estagiário. Acumulou várias experiências até assumir, em 2004, a presidência da CRH Indústria e Empreendimentos, a holding da Tigre. Em 2015 assumiu a presidência do Conselho de Administração da Tigre, substituindo Rosane Hansen, que esteve na cadeira por duas décadas, desde a morte do marido. “Suceder minha mãe foi um misto de felicidade e de muita responsabilidade para mim, pois ela sempre me inspirou demais”, descreve.
A morte precoce e totalmente inesperada do líder levou a empresa ao caminho de fortalecer a Governança Corporativa, tema em que a Tigre se tornou referência. “O conselho fortalecido foi essencial para que minha mãe pudesse conduzir os negócios da família na ausência do meu pai”, avalia Felipe.
Hoje, como presidente da CRH, ele é responsável pela gestão de todos os negócios do grupo, que incluem a Tigre, o Instituto Carlos Roberto Hansen (quadro abaixo), o Centro Empresarial CRH, um espaço de coworking (apelidado de “Cauworking”), o Parque Hansen e diversos projetos imobiliários, com destaque para o Bairro Cidade das Águas, em Joinville, e o Paraíso das Araucárias, em Campo Alegre.
Inspirado no projeto do bairro planejado Pedra Branca, em Palhoça, o Cidade das Águas proporcionará uma nova experiência para morar, trabalhar, estudar e se divertir em Joinville – tudo em um mesmo lugar. Em fase de licenciamento e demais liberações, o empreendimento é coordenado pela HPB, holding formada pela parceria entre CRH e Pedra Branca. A expectativa é de que as obras comecem no ano que vem, envolvendo investimentos de R$ 700 milhões na primeira fase.
Hansen: “Nós, da família Hansen, temos o entendimento claro de que somos portadores do patrimônio, com o compromisso de fazê-lo prosperar, e não donos.”
Sociedade – No ano passado, pouco depois de a Tigre ter completado 80 anos de história, o grupo se associou ao fundo Advent International, que adquiriu 25% da empresa por R$ 1,35 bilhão – valor que vem sendo aplicado para impulsionar uma nova fase de expansão da companhia.
A perspectiva de uma sociedade como essa já vinha sendo discutida internamente ao longo da década anterior, lembra Felipe. Quando surgiu a proposta ideal, a ideia estava amadurecida. “É uma parceria que amplia nossa visão de negócios, de mercado e de performance, sem descuidar dos pilares que sempre garantiram nossa sustentabilidade”, analisa Felipe.
“A valorização das pessoas, o respeito ao meio ambiente, a transparência e a ética na condução dos negócios têm sido o fio condutor na tomada de decisão em todos os níveis da organização, e assim continuará sendo.”
Por mais que o mundo e a empresa tenham mudado desde a fundação, em 1941, Felipe vê diversas conexões entre a Tigre de hoje e a empresa criada pelo avô. “Continuamos seguindo sua visão inovadora, com foco no bem-estar de todas as pessoas”, observa. “Hoje somos uma marca empregadora reconhecida no Brasil e no exterior, por conta do nosso propósito e das nossas políticas de recursos humanos, mas especialmente pela nossa história de relacionamentos e negócios éticos e transparentes.”
Otimismo – Um dos focos de atuação da empresa para a próxima década está no esperado salto no saneamento do País, a partir das ações decorrentes da aprovação, em 2021, do marco regulatório do setor. Segundo o levantamento mais recente do Instituto Trata Brasil, quase 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável no Brasil e cerca de 100 milhões não dispõem de coleta de esgoto.
Diversas iniciativas, unidades de negócios e equipes do grupo dedicadas ao tema foram reunidas na Tigre Saneamento. “Estamos determinados a contribuir ainda mais para que o Brasil possa suprir sua população desse serviço essencial”, diz Felipe.
Classificando-se como “otimista por natureza”, ele destaca outros motivos para acreditar em um bom 2023: a força do agronegócio, a retomada dos investimentos na indústria, a consolidação de programas sociais e a reforma tributária.
Quando olha para o futuro, é impossível não vislumbrar o momento em que a Tigre completará 100 anos, em 2041. A grande missão de Felipe é conduzir o legado familiar à geração dos filhos, Matheus e Isadora. “Nós, da família Hansen, temos o entendimento claro de que somos portadores do patrimônio, com o compromisso de fazê-lo prosperar, e não donos.”
Fonte: Indústria News – FIESC
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