A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) anunciou a compra do Moinho Joinville, prédio histórico estava desativado desde 2013 na região central da cidade. O contrato de aquisição foi assinado pelo presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, na tarde desta segunda-feira (15), em São Paulo.
O valor investido no imóvel é de R$ 12,8 milhões, com recursos próprios do Sistema Fiesc, e contempla o terreno de 53 mil metros quadrados e o edifício de 19 mil metros de área construída às margens do rio Cachoeira.
O local faz parte da história de Joinville. Inaugurado em 1913 é tido como um dos símbolos do progresso da cidade no século XX, e abrigava o moinho da Bunge até ser fechado há seis anos. A aquisição por parte da Fiesc põe fim às incertezas quanto ao futuro do edifício.
O próximo passo será conversar com os industriais para alinhar tudo aquilo que será feito no local para depois contratar o projeto. Toda o complexo será utilizado e as áreas que são tombadas passarão por restauração.
Segundo Aguiar, ainda não há uma previsão de quanto será investido nas obras porque isso depende do projeto. No entanto, a ideia é começar as intervenções já em 2020. A revitalização do espaço será realizada pelo SESI.
— Vamos ouvir as demandas das lideranças locais, mas inicialmente a federação prevê a implantação de um centro educacional (do ensino básico ao superior); centro de inovação; centro de capacitação empresarial e industrial, além do Museu da Indústria no endereço — aponta Mario Cezar de Aguiar.
Ainda conforme o presidente da Fiesc, o projeto está em linha com a estratégia do município de revitalizar a área central da cidade, aumenta a presença da federação no polo industrial, e valoriza a história da cidade e da indústria catarinense.
— Joinville tem a maior participação econômica industrial de Santa Catarina e o que estamos promovendo hoje é um resgate histórico não só para a cidade, mas também para a indústria de Santa Catarina. Ao mesmo tempo em que estamos reafirmando um legado da cidade, estamos projetando um centro de referência em desenvolvimento industrial – elo entre passado e futuro – por meio da inovação —, justifica Aguiar.
Segundo Mario Cezar, a negociação com a Bunge foi rápida. A compra foi alinhada há cerca de 20 dias, a partir do interesse da Fiesc em adquirir o prédio, e concluída na tarde desta segunda-feira com a assinatura do contrato.
História centenária
Inaugurado em 1913 em um terreno de 52 mil metros quadrados as margens do rio Cachoeira, o patrimônio guarda grande valor histórico e mantém característica arquitetônica única na região central de Joinville. À época intitulado Moinho do Boa Vista, o empreendimento de cinco pavimentos (passou a ter seis nos anos 1990) foi um dos símbolos do desenvolvimento da cidade.
Em suas primeiras décadas, o moinho representava o progresso em meio a uma Joinville ainda no caminho da industrialização, e chegou a ser usado como porto, tendo 40% de participação na moagem de trigo em Santa Catarina no auge de suas operações.
Considerado “uma joia rara”, pelas palavras do historiador joinvilense Cristiano Abrantes, devido a ser um dos únicos poucos exemplares do gênero no Brasil, a edificação centenária é comparada apenas aos também remanescentes Moinho Fluminense, no Rio de Janeiro, e Moinho Recife, em Pernambuco. Os demais foram demolidos ao longo da história.
E que história! Criado a partir de um projeto da Companhia Industrial Catarinense, dos empresários Abdon Batista, Oscar Schneider e Domingos Rodrigues da Nova, a construção do moinho começou em 1909 e durou cerca de três anos, atraindo todos os olhares como a mais alta edificação joinvilense no período.
Menos de dez anos depois, em 1922, o Grupo Mercantil Brasileiro S.A. (Umbra) adquiriu o Moinho Boa Vista. Em 1943, o prédio foi vendido novamente, desta vez para a S.A. Moinhos Rio-Grandenses (Samrig), que mudou o nome da empresa para Moinho Rio Grandense. Em 1977, a S.A. Moinho Santista arrendou o prédio e assumiu as atividades.
Em 2002, a S.A. Moinho Santista se uniu a empresa Ceval, mudando de nome para Bunge e dominando o mercado de processamento de soja. Foi neste ano que o prédio ganhou o nome Moinho Joinville. A Bunge atuou em Joinville durante dez anos e, desde quando anunciou o fim das atividades na cidade o futuro do prédio era incerto.
Desde então foram cogitadas diversas destinações para a área, como a criação de um complexo cultural, a oferta do imóvel no mercado em 2016, além de uma tentativa de leiloá-lo em 2018. Nada havia avançado até está segunda-feira, quando a compra da edificação foi confirmada pela Fiesc. Agora, de fato, avista-se no horizonte uma retomada para este, que é um marco histórico do perfil industrial de Joinville.
Patrimônio Cultural de Joinville
Importante herança histórica de Santa Catarina, o prédio onde funcionou o Moinho Joinville está em fase final do processo de tombamento como Patrimônio Cultural de Joinville. A informação é da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult). Segundo a Prefeitura de Joinville, após várias avaliações e parecer favorável pela Comissão do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Natural do Município de Joinville (COMPHAAN), em 2018 foi emitido comunicado oficial à Secult, que iniciou o processo que culminará com a edição de decreto de tombamento. A COMPHAAN é formada por 18 representantes do poder público e entidades da sociedade civil.
Fonte: A Notícia – Economia – 16.07.2019
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