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ENERGIA ELÉTRICA paga pela indústria está entre as mais caras do mundo

05 de setembro de 2018
ENERGIA ELÉTRICA paga pela indústria está entre as mais caras do mundo

Estudo da FIESC mostra que a tarifa média do Brasil é 127,3% superior a dos Estados Unidos e 94,9% superior à do Canadá. O trabalho esclarece que a situação não se deve ao serviço de distribuição, mas, principalmente, a encargos e outros componentes imputados ao setor elétrico.

Florianópolis, 4.9.2018 –A tarifa média de energia elétrica paga pela indústria brasileira é 127,3% superior à paga pelo setor nos Estados Unidos, 94,9% maior que a do Canadá e 9% acima da Alemanha, mostra estudo da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), apresentado nesta terça-feira (4), durante reunião da Câmara de Assuntos de Energia da entidade, que foi transmitida por videoconferência para Chapecó. Encargos e outros componentes imputados ao setor elétrico contribuem significativamente para o custo elevado da tarifa brasileira. A tarifa média industrial do Brasil acumula uma variação de 85,8% no período 2008 a 2017, patamar acima da inflação registrada pelo índice IPCA-IBGE, que foi de 71,5%. No encontro, o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, entregou o estudo para o presidente da Celesc, Cleverson Siewert.

Um dos encargos que mais pesa na tarifa é a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que financia projetos como o de universalização dos serviços de energia elétrica e subvenção aos consumidores de baixa renda, programas como o Luz para Todos e o pagamento de indenizações a empresas e compra de parte do combustível usado pelas termoelétricas. Os estados do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste pagam 4,5 vezes mais CDE  que as regiões Norte e Nordeste. O trabalho comparou o custo da chamada CDE de USO (que paga subsídios como a geração incentivada) estabelecida para a Celesc para o ciclo tarifário 2018, calculado em R$ 882,3 milhões por ano, com a distribuidora Coelba, da Bahia, estabelecido em R$ 168,1 milhões por ano.

“É uma diferença de R$ 714,2 milhões por ano que reflete uma discrepância regional de 424,9% no componente da tarifa. Não há uma justificativa técnica para manutenção desse subsídio. Os consumidores não podem ser discriminados por região, pois o sistema elétrico nacional é interligado. Há espaço para nossos representantes no Congresso Nacional atuarem na legislação do setor elétrico para reduzir os encargos e demais componentes. Só assim alcançaremos a modicidade tarifária”, avalia o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.

O trabalho destaca ainda que além da CDE, há outros componentes tarifários que impactam nos custos do setor elétrico e são repassados aos consumidores. Entre eles estão: as cotas e encargos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa); Encargos Serviços de Sistema (ESS) e Energia de Reserva (EER); cotas da lei 12.783/2013, que definiu os critérios e condições para a prorrogação das concessões de geração hidrelétrica (as novas tarifas para 2018 registraram variação de 63,6%); cotas de energia de Angra I e Angra II, que são rateadas entre todas as distribuidoras que integram o Sistema Interligado Nacional e que em 2018 tiveram alta de 7,4%, além das cotas de energia de Itaipu, que aumentaram 22,3% neste ano puxadas pela alta do dólar.

“É um trabalho que já fazemos há alguns anos e estamos atualizando. O estudo faz uma análise detalhada da composição da tarifa para termos condições de contribuir perante os parlamentares e entidades de regulação como a Aneel no sentido de se conseguir corrigir distorções e sempre em busca da modicidade tarifária”, disse o presidente da Câmara, Otmar Muller, lembrando que o levantamento da Federação já leva em conta a revisão tarifária de agosto.

A Celesc Distribuição ocupa a 10ª posição no ranking de tarifas médias para a indústria dentre as 40 principais distribuidoras selecionadas para o estudo com base em dados de 2017. O preço final da energia elétrica industrial da concessionária catarinense com impostos cobrados no ambiente de contratação regulado (ACR) corresponde à R$ 596,63/MWh, valor 9,9% superior à tarifa média brasileira de R$ 543,12/MWh. Os impostos referentes à PIS/COFINS/ICMS computados na tarifa industrial da Celesc em 2017 correspondem a 42,3%, patamar superior ao percentual de impostos embutidos na tarifa média industrial nacional que corresponde a 36,8%.

Na maioria dos países avaliados pelo estudo, a carga de impostos sobre a energia elétrica para consumo industrial é muito baixa ou nula, como na Hungria (10%), Polônia (7%), Espanha (5%), Estados Unidos (5%), Turquia (4%), Reino Unido (4%), Japão (2%), Nova Zelândia (0%), Irlanda (0%) e Noruega (0%).

Reajuste de agosto: Em 22 de agosto entrou em vigor reajuste de 15,05% no preço da energia elétrica para a indústria catarinense. O percentual é superior ao índice de inflação de 4,48%, apurado pelo IPCA-IBGE nos últimos 12 meses. O expressivo aumento na tarifa foi provocado principalmente pela variação de 8,49% registrada na chamada Parcela A, gerenciada pela Aneel, que corresponde à soma dos componentes tarifários como encargos setoriais, custos de transmissão, custos de aquisição de energia e receitas irrecuperáveis. O estudo ressalta que os custos relacionados à Parcela B, gerenciados pela Celesc, aumentaram 1,86%, representando uma variação inferior ao índice de inflação IPCA-IBGE de 4,48% acumulada nos últimos 12 meses. Os custos de distribuição da Celesc participam com apenas 0,37% na composição do reajuste de 13,86%, que foi o valor médio do reajuste para os consumidores industriais, comerciais e residenciais.

O presidente da Celesc, Cleverson Siewert, afirmou que o mercado de energia é complexo e dinâmico, com muitos desafios. “A revisão tarifária acontece anualmente visando o equilíbrio econômico financeiro do contrato de concessão como qualquer outro tipo de contrato que tem seus custos reavaliados”, explicou, lembrando que o reajuste é definido pela Aneel com base em uma série de indicadores de custo das distribuidoras. Ele salientou ainda que a parcela A, que engloba os custos não gerenciados pela distribuidora, representou 97% do reajuste. “Ou seja, eu simplesmente arrecado e repasso para as empresas que compõem o sistema. E aqui estou falando de geração, transmissão, impostos e encargos. Eu não gerencio isso”, disse. A Celesc apresenta um dos menores custos unitários (R$/MWh) na Parcela B e também o menor índice de perdas não técnicas entre as distribuidoras brasileiras, fatos que contribuem para o crescimento de seus custos abaixo da inflação.

Mercado livre: O estudo mostra ainda que de 2008 a 2017 houve migração de consumidores industriais do mercado cativo regulado para o mercado livre de energia elétrica, principalmente a partir de 2015, quando foi registrado expressivo aumento nas tarifas médias do mercado cativo para fornecimentos à indústria. De 2008 a 2017, a Copel, do Paraná, teve redução de 51,9% no fornecimento à indústria, a Celesc, de 52,6%, e a Cemig, de Minas Gerais, de 53,3%.

Mercado de gás: Na reunião, o gerente-geral de comercialização de gás natural e GNL da Petrobras, Álvaro Ferreira Tupiassú, destacou que o contrato de gás com a Bolívia acaba em dezembro de 2019 (o Gasbol, que atende SC). “Mas, na verdade, ele não é um contrato de prazo e sim de volume de energia. Então, o contrato vai se estendendo até que o volume de gás contratado seja inteiramente retirado. Por parte da YPFB, estatal petrolífera da Bolívia, há o compromisso de entrega e por parte da Petrobras o compromisso de compra”, disse. Segundo ele, com o saldo que ainda existe, o contrato se estenderia até 2022 ou 2023 numa situação normal. “No entanto, hoje a YPFB não tem conseguido honrar com cem por centro das entregas.

O contrato nos dá o direito de programar até 30 milhões de metros cúbicos de gás na fronteira, mas está passando 23 milhões de metros cúbicos. É uma falha recorrente que se iniciou no ano passado e nesse ano se intensificou e se estruturou. Achamos que isso vai permanecer ou piorar porque não foram realizados os investimentos no ritmo necessário em relação à exploração e produção na Bolívia”, explicou. Apesar dessa situação, Álvaro ressaltou que a Petrobras tem cumprido cem por cento do contrato com seus clientes brasileiros e não tem sinalização de renegociar redução de volumes do insumo.

Ainda na reunião, o diretor técnico comercial da SCGás, Rafael Longo, destacou que cinco concessionárias de distribuição de gás natural canalizado que atuam nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, entre elas a SCGás, lançaram chamada pública para a compra de gás natural. A decisão pela aquisição conjunta foi tomada após estudos promovidos por consultoria contratada pela Mitsui Gás e Energia do Brasil indicarem que a iniciativa seria favorável ao mercado, levando em conta o fato de que todas as distribuidoras são atendidas pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).

Fonte: FIESC

 
 


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