Verdadeiro ganho ocorre quando as empresas compreendem que ser sustentável é um diferencial.
* Por José Ricardo Roriz
É comum a imagem de garrafas e outros objetos de plástico boiando em águas de paraísos ecológicos que, de outra maneira, seriam límpidas e cristalinas. Ao longo de décadas, o plástico se tornou um dos vilões preferenciais da proteção ao meio ambiente.
E não sem certa dose de razão. Boa parte das qualidades que apreciamos no plástico — como a leveza, resistência e durabilidade — faz dele, depois de descartado de maneira incorreta, uma ameaça em potencial à natureza.
A imagem tão repetida, no entanto, não reflete mais a realidade, pelo menos no que diz respeito aos setores mais conscientes. Já há algum tempo, desenvolvemos tecnologias que dão conta de reciclar os produtos, garantindo a sustentabilidade do negócio.
A verdade é que cuidar do meio ambiente, para os produtores de plástico, se tornou também um excelente negócio. O verdadeiro ganho ocorre quando as empresas compreendem que a sustentabilidade é um diferencial competitivo.
Várias iniciativas vêm sendo tomadas com esse objetivo. São ferramentas básicas a gestão de indicadores de ecoeficiência, que promove o uso racional dos insumos, e a análise de ciclo de vida do produto, que avalia seu impacto ambiental.
Mais recentemente, o setor desenvolveu o ecodesign de produtos, que os tornam amigáveis ao ambiente desde sua concepção. Somam-se a eles os bioplásticos, derivados de fontes renováveis, como a cana-de-açúcar. Além disso, investe na gestão do pós-consumo e na Economia Circular, que é baseada no princípio dos três R: redução, reúso e reciclagem.
Aproveitando a Ocean Conference, que ocorreu em Nova York entre 5 e 9 de junho, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) apresentou seu compromisso em estimular suas associadas a seguir uma filosofia de responsabilidade ambiental. Junto com a Exchange 4 Change Brasil, a Associação vai trabalhar o Programa de Economia Circular, que visa promover redes de negócios, identificar oportunidades ao longo da cadeia, fomentar parcerias e o uso do design no desenvolvimento de novos produtos.
O programa também vai apresentar algumas ações já implementadas e seus impactos, com destaque para o envolvimento em iniciativas globais, como o Operation Clean Sweep — programa internacional que atua junto à indústria do plástico para evitar a presença de pellets (grânulos) de resina e outros elementos plásticos no ambiente marinho.
Especialmente no que se refere à preservação da vida marinha, a Abiplast atuará em conjunto com a Universidade de São Paulo no desenvolvimento de um amplo diagnóstico do estado de lixo marinho em torno da costa brasileira e programas educacionais.
Hoje, se me acusam de ecochato, respondo que a sustentabilidade é mesmo um saco — um saco de lixo reciclado.
*José Ricardo Roriz é presidente da Abiplast e vice-presidente da Fiesp
Fonte: Jornal O GLOBO
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