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EDUCAÇÃO ESTÁ DESCONECTADA DA PRODUTIVIDADE, diz Ricardo Barros

24 de outubro de 2016
EDUCAÇÃO ESTÁ DESCONECTADA DA PRODUTIVIDADE, diz Ricardo Barros

Ao contrário do que ocorre em outros países, no Brasil a escolaridade do trabalhador não está refletindo na produtividade, alertou o economista em palestra na reunião de diretoria da FIESC.

Florianópolis, 21.10.2016 – “Estamos produzindo muita educação, mas absolutamente desconectada da produtividade. Sem esse apoio vai ser difícil. Estamos em apuros”, alertou o professor do Insper e economista-chefe do Instituto Ayrton Senna, Ricardo Paes de Barros, durante reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta-feira (21), em Florianópolis. “Não existe País rico no longo prazo que não tenha produtividade”, disse.

Ele apresentou diversos dados que relacionam a educação com a produtividade e destacou que em 2004 Santa Catarina era o sexto Estado brasileiro com maior PIB por trabalhador. Contudo, em 2013 caiu para o nono lugar. “Quando olhamos para o que aconteceu, a situação catarinense é preocupante”, afirmou. Barros mostrou que de 2004 a 2013 o salário real cresceu 4% ao ano em Santa Catarina.

Enquanto isso, no mesmo período, a produtividade avançou 1,5%. Não estamos conseguindo competir com as taxas de crescimento da África, que na média é 2,5%, comparou ele, salientando que a produtividade africana é menor do que a catarinense, mas vem aumentando numa velocidade mais rápida. “Não estamos comparando nosso crescimento com o da Coreia do Sul e Cingapura, mas sim, com a taxa da África. E não estamos conseguindo competir. Ou seja, a locomotiva não está andando”, afirmou.

“Realmente são dados impressionantes e impactantes que mostram a gravidade da questão educacional. Mas, reafirmam a importância do nosso Movimento Santa Catarina pela Educação. Se vínhamos trabalhando nesse sentido, vamos ter que triplicar os esforços para melhorar a qualidade da nossa educação”, afirmou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.

Ricardo disse que há consenso de que a educação melhora a produtividade. Diversos países investiram nesse modelo e colheram os resultados. E citou como exemplo o Chile, onde cada ano de escolaridade gera US$ 3 mil a mais de produtividade por trabalhador; na China US$ 3,5 mil e na Malásia US$ 2,5 mil por série adicional.

“No Brasil, esse valor é US$ 0,2 mil por série adicional. A produtividade simplesmente não vem respondendo a aumentos na escolaridade. O Brasil conseguiu designificar a educação para a economia. Ou seja, estamos produzindo muita educação, que até pode ser de muito boa qualidade, mas absolutamente desconectada da produtividade”, declarou.

“Temos que ver se falta resignificar essa educação e nesse momento de expandir o ensino médio é muito importante para fazer isso. Em vez de produzir mais do mesmo, precisamos produzir uma educação com mais significado para as pessoas e para aquilo que elas gostariam de produzir ao longo de sua vida”, concluiu.

Desafios e política: o analista político Carlos Melo fez um panorama do cenário brasileiro e afirmou que o País ainda está no labirinto. “Estamos retornando a governabilidade e isso é positivo, mas ainda estamos muito longe do ideal”, afirmou. Melo destacou que a base do governo é fragmentada e tem problemas de coesão. “Se olharmos para a crise, ainda não foi superada, só a fase aguda dela. Ainda é um mal crônico”, disse, chamando a atenção para o esgotamento estrutural na macroeconomia, para a crise de liderança e para o colapso do financiamento político.

Na opinião de Melo, o Brasil tem desafios para uma década e acredita que o cenário para 2016 e 2017 é neutro. “Deve ter um governo pouco efetivo, com dificuldades para aglutinar a base”, avaliou, lembrando que além da aprovação da PEC do teto dos gastos, o governo precisa fazer a reforma da previdência. Carlos acredita que o próximo presidente da República ainda vai pegar o Brasil em crise, pois os problemas estruturais ainda permanecem intactos, como o modelo político, a crise política e crise de liderança.

Fonte: FIESC

 
 


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