Injeção sangue azul – O ativo mais valioso da Nycolplast é o profissionalismo.
Em 2012, a catarinense Nycolplast rodava com 15 injetoras. No ano seguinte, comprou duas linhas. Vieram mais sete em 2014 e quatro no ano passado. O pique dessa expansão é ditado pela excelência no trabalho com plásticos de engenharia reconhecida por cabeças coroadas da indústria de produtos finais do naipe das múltis de autopeças Lear, Magna e Johnson Controls ou a nacional Intelbras, fera em telecom.
E a crise não murcha o frenesi por trás do plano de metas. “Para este ano, está acertada a compra de robôs e equipamentos de movimentação e transporte, além da implementação do Sistema Integrado TOTVS e ,para atender aos requisitos do setor automotivo, a certificação pela ISO TS 16949”, adianta o diretor de operações Paulo Roberto Liberato Ribeiro.
Há 14 anos na ativa em Joinville, a Nycolplast engordou a ponto de hoje ocupar um terreno de 36.400 m2 em área construída de 4.200. A planta roda seis dias por semana (de segunda a sábado) em três turnos de oito horas, informa Liberato. “Nossa capacidade mensal de transformação está em 400 toneladas, com índice médio de 85% de ocupação”, ele situa. “Quanto ao consumo de resinas, anda na faixa de 300 t/mês”. Autopeças dominam em 80% o movimento, complementado por peças como as dirigidas a eletrodomésticos da linha marrom (higiene e limpeza).
Liberato reparte o efetivo em 32 funcionários na administração e, na produção, calcula em 156 o quadro da mão de obra direta e 33 na indireta. A reciclagem de conhecimentos do chão de fábrica corre a cargo de um plano anual de treinamento determinado pelos gestores da produção. Ainda em termos de especialização de pessoal, um ás na manga da Nycolplast, admite Liberato, é a localização. “Realmente, as escolas técnicas daqui do polo ferramenteiro de Joinville (Senai/Sociesc) estão estruturadas para formar mão de obra do segmento metal-mecânico em quantidade adequada à demanda da indústria local”.
A Nycolplast investe com regularidade de 0,8% a 1% de sua receita na manutenção preventiva do parque industrial e 2,5% na compra de equipamentos para uma infra formada pelas áreas de injeção, matrizaria, montagem de conjuntos, gravação em metal, silk screen e hot stamping. À guisa de referência, a transformadora faturou em torno de R$ 46.466 milhões em 2015, conforme declarado em apresentação institucional. Um dos destinos desses gastos obrigatórios, detalha Liberato, é o time atual de 28 injetoras hidráulicas, com idade média de três anos e forças de fechamento de 50 a 1.600 toneladas.
A chinesa Haitian comparece aqui com 20 linhas (inclusa a maior máquina), seguida de longe por injetoras da alemã Arburg e da brasileira Romi. O outro centro das atenções é a ferramentaria apta a confeccionar moldes de até 210 toneladas, além de assumir eventuais modificações e reparos em ferramentas existentes. Conta com três centros de usinagem CNC, duas linhas de eletroerosão, laboratório de metrologia com 3D e, na infra de engenharia, três estações – Solid Works, NC e Unigraphics – e uma estação Cimatron base CAM.
A produtividade é o mantra da fábrica próxima da montadora BMW. Para dar conta do recado, Liberato cita como exemplos de ações permanentes os investimentos em automação e softwares de monitoramento da produção, prêmio de assiduidade e o mapeamento dos pontos de retrabalho e desperdícios no processo.
“Conseguimos assim ganhos de 1,1% sobre o faturamento com trabalhos de melhoria contínua dos processos, queda de 80% no turn over e de 60% no índice de absenteísmo, além de redução de 47,2% no índice de refugo e de, respectivamente, de 95% e 70% nos índices de fretes extras e horas extras”, especifica o diretor. A economia estende-se ao fator chefe da energia elétrica. “O consumo mensal caiu 13% em média após implantarmos gerador nos horários de pico e de revisarmos o fator de demanda junto à concessionária do serviço”.
O chão de fábrica da Nycolplast, delimita Liberato, opera 100% informatizado e 30% automatizado (robôs e dispositivos de montagem). “As etapas de processos hoje dependentes de intervenção manual devem ser automatizadas em três anos”, sustenta o diretor, engatilhando na próxima rodada de investimentos a montagem de um laboratório próprio para desenvolvimento de materiais e peças. “Hoje em dia recorremos a serviços de análises laboratoriais”.
A Nycolplast também manda bem nas asas do desenvolvimento sustentável. “Reutilizamos todo o refugo gerado no processo em produtos próprios ou nas peças encomendadas, por meio da dosagem proporcional de reciclado autorizada pelo cliente”, descreve Liberato. “Caso a sucata esteja inaproveitável, é vendida a recicladores munidos do Certificado de Aprovação para Destinação de Resíduos Industriais (Cadri) ou a reprocessadores incumbidos de reconstituir a composição química e adequação às normas técnicas do material para segundo uso”.
Fonte: Plásticos em Revista – Edição 622 – Fevereiro 2016
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