Levantamento informa que no trecho entre São Francisco do Sul e Corupá (contornando Guaramirim e Jaraguá do Sul) há poucas frentes de trabalho, obras especiais não iniciadas e desapropriações pendentes.
Florianópolis, 7.3.2016 – A duplicação da BR-280 no trecho do Porto de São Francisco do Sul até Corupá, contornando Guaramirim e Jaraguá do Sul (73,9 quilômetros) está praticamente paralisada, com poucas frentes de trabalho, obras especiais não iniciadas (viadutos, pontes e passarelas) e desapropriações pendentes, revela estudo da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), com o apoio do CREA/SC.
O levantamento foi realizado pelo engenheiro Ricardo Saporiti, que percorreu em fevereiro os 316,4 quilômetros entre o Porto de São Francisco do Sul e Porto União (SC). O estudo foi apresentado em Jaraguá do Sul, nesta segunda-feira (7), durante encontro promovido pela FIESC em conjunto com o Fórum Parlamentar Catarinense.
“O apoio do Fórum Parlamentar Catarinense é imprescindível para garantirmos os investimentos e a continuidade das obras previstas para a rodovia. Em 2011 fizemos um estudo, agora atualizado, e demonstramos nossa preocupação com a segurança dos usuários que trafegam na região, com o número de acidentes e com a falta de competitividade para as empresas que utilizam o trecho. É um eixo estratégico, que interliga o Norte-Nordeste ao Extremo Norte catarinense por onde são escoadas safras agrícolas e os produtos industrializados, sobretudo, para os portos”, afirma o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.
No segmento que vai do Porto até a BR-101 nenhuma obra foi iniciada e não há frente de trabalho no local. No trecho de 14 quilômetros entre a BR-101 e Guaramirim, a empresa contratada tem frentes de trabalho, porém, depende da conclusão das desapropriações de cerca de 40 imóveis e o cumprimento de exigências junto à FUNAI para dar pleno andamento à obra. Apesar do trecho ser curto, a conclusão desta obra é importante para melhorar a mobilidade da região. Este segmento da rodovia faz parte do lote 2.1, com prazo de execução até o primeiro semestre de 2017.
A FIESC destaca que é fundamental garantir a alocação de recursos aos contratos de duplicação, permitindo a implantação de frentes de trabalho para construir as obras de arte especiais, além da execução das obras de terraplenagem e pavimentação. “As indenizações dos imóveis que estão na faixa de domínio no lote 2.1 devem ser priorizadas. As desapropriações neste lote estão orçadas em aproximadamente R$ 5,5 milhões, valor pouco significativo se considerarmos o custo global. Reforçamos que é uma etapa que precisa ser vencida para aliviar o trânsito na região”, afirma Côrte.
No levantamento, o engenheiro Ricardo Saporiti destaca que o custo total das obras de duplicação é de R$ 1 bilhão, a preços iniciais. “Caso o trecho seja repassado para concessão, como previsto na segunda etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL), o custo dessas obras incidirá significativamente na tarifa básica de pedágio”, alerta ele, lembrando que a concessão de uma rodovia exige profundo estudo de viabilidade técnica e econômica, entre outras questões.
Para o 1º vice-presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, a sociedade organizada, junto com a classe política, precisa continuar pressionando o governo para que se resolva a questão da duplicação, que é fundamental para o desenvolvimento econômico da região. “Qualquer investimento realizado não representa um benefício gratuito, mas sim, por mérito, pelo que a região produz”, afirma, destacando que é preciso de resposta, pois se trata de uma obra de acessibilidade prometida há tantos anos.
“Sabemos que o governo federal não tem recursos suficientes para realizar as obras, mas é preciso encontrar um caminho. Se a solução for a concessão, ela não poderá representar um custo a mais para a sociedade. É preciso levar em conta a capacidade de melhoria do transporte, mas também a condição de segurança dos usuários da rodovia”, diz Aguiar.
A duplicação foi dividida em mais dois lotes, além do 2.1. O prazo contratual do lote 1 é janeiro de 2019, e prevê a duplicação dos contornos rodoviários de São Francisco do Sul, do bairro Porto Grande e Araquari, além da construção de 19 viadutos – nenhum iniciado. O único segmento da rodovia que permanecerá em pista simples é a travessia do Canal do Linguado (km 17,4 e 19,36). Nesta travessia está prevista a restauração do pavimento existente.
O lote 2.2 tem 23,84 quilômetros de extensão e vai do km 50,74 ao 74,58. O prazo de conclusão é o segundo semestre de 2016, já totalmente impossível de ser cumprido na avaliação do engenheiro. O projeto executivo prevê a construção de pontes sobre os rios Itapocuzinho e Itapocu, túnel com 2.100 metros sob o Morro do Vieira, na localidade de João Pessoa, este com obras em fase inicial. Além disso, constam no contrato para este lote a construção de 14 viadutos, ainda não iniciados.
Como fator positivo em relação à edição anterior do estudo, o trabalho da FIESC destaca a qualidade das obras de recuperação e conservação realizadas no subtrecho da BR-280 entre Corupá, Rio Negrinho, Mafra e Canoinhas. O levantamento da entidade feito em 2011 apontava a necessidade urgente da recuperação do segmento.
O trabalho também concluiu que o trecho da BR-280 entre Canoinhas, Irineópolis, Porto União e o entroncamento com a BR-153 (PR) melhorou substancialmente com a execução de uma série de obras. No entanto, o contrato com a empresa que fez as obras e realiza a manutenção vence ainda no primeiro semestre de 2016. A conservação é indispensável para manter os trechos recuperados em bom estado, destaca Saporiti.
Fonte: FIESC
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