O executivo joinvilense Maurício Harger ocupa a presidência da Mexichem Brasil (dona de marcas Amanco, Plastubos e Bidim) há quatro anos. Está há 11 anos na empresa. Nesta entrevista exclusiva, concedida no último dia 5, na unidade joinvilense do bairro Floresta, ele conta como a companhia reagiu à crise em 2015, fala de planos e aponta os principais desafios a serem enfrentados em meio à recessão.
Neste ambiente complexo, Harger não se furta a dizer que é favorável à recriação da CPMF. Neste assunto, é uma voz praticamente isolada no meio empresarial brasileiro.
Que ajustes a Mexichem fez em suas unidades?
Harger – O principal movimento ocorreu em duas unidades menores. Deslocamos a produção de Maceió para Recife e a de Uberaba para Ribeirão das Neves (MG). Começamos 2015 congelando contratações. Ao longo do ano desligamos alguns funcionários em Joinville.
Qual foi o desempenho do grupo em 2015?
Harger – Decrescemos nas vendas, mas muito menos do que a média do mercado.
Empresários e analistas têm dito que a crise se estenderá até 2017, com início de retomada só em 2018.
Harger – Não adianta acelerar agora. A tendência para 2016 é de um ano bastante desafiador. Ações contundentes de retomada mais agressiva da economia são esperadas só para 2018.
O governo quer recriar a CPMF. Sempre busca mais receitas via impostos.
Harger – Vamos, a sociedade, ter de pagar uma parte da conta. Não tem como fugir da CPMF. Não há como. É um tributo eficiente, e pega a todos, indistintamente. Será preciso dois anos assim, para o Brasil ganhar, adiante, no longo prazo, dez ou mais anos.
E o mercado para a baixa renda?
Harger – O programa Minha Casa, Minha Vida é importante. Ainda há déficit habitacional expressivo.
Como ficam os negócios em infraestrutura?
Harger – Na área de infraestrutura tem muito a acontecer. No longo prazo, não há como parar a expansão de negócios relacionados à infraestrutura.
Como a Mexichem está no ramo de dutos de fibra óptica?
Harger – A Mexichem passou a atuar no segmento de telecomunicações em 2015, por meio da Dura-Line, marca adquirida em 2014, e se tornando líder mundial no segmento de dutos e microdutos para fibra óptica.
Em quais novos segmentos o grupo deve entrar?
Harger – É importante complementar o portfólio da Mexichem para compensar a retração do mercado. A companhia trabalha no desenvolvimento de novas tecnologias e inovação que agreguem valor aos produtos e levem facilidade e praticidade para o cotidiano dos clientes e consumidores. A empresa pretende iniciar neste ano as atividades em novos segmentos de mercado, porém as informações ainda são confidenciais.
Qual é a participação de mercado da companhia no Brasil?
Harger – Evoluímos bastante. Em 2006 tínhamos 16%; dez anos depois, em 2015, atingimos 34% de participação, mais do que dobrando no período.
A Mexichem investirá neste ano?
Harger – Temos o plano de investimento para o triênio 2014-2016, que se encerra em dezembro. São R$ 100 milhões para os três anos.Os investimentos para este ano são de R$ 25 milhões. Investir não é somente aumentar a capacidade de produção. O propósito é ter diferenciais competitivos. Lançamos vários produtos no ano passado.
Que importância tem as unidades de Joinville?
Harger – As duas fábricas são estratégicas e eficientes, com plantas consolidadas que empregam 1,2 mil trabalhadores.
O grupo ainda vai demitir?
Harger – Nossa produção é voltada ao mercado nacional. Fazemos o melhor esforço para evitar redução de quadro.
O que tira o sono do presidente da Mexichem Brasil?
Harger – Do ponto de vista do executivo, o dólar, pois compramos matéria-prima do exterior. A falta de previsibilidade retarda investimentos. E do ponto de vista da empresa, o desemprego, a queda de renda da população e a dificuldade de crédito.
Como os acionistas enxergam o Brasil?
Harger – A imagem do Brasil não é a mesma de antes. Conseguir aprovar investimentos é mais complicado.
Qual é a mais significativa oportunidade para crescer no país?
Harger – A maior oportunidade é termos 204 milhões de pessoas. O investidor sabe que este é um grande mercado. O Brasil continua sendo prioridade para se investir.
Fonte: A Notícias – Livre Mercado – Cláudio Loetz
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