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A volta POR CIMA

11 de maio de 2015
A volta POR CIMA

O outplacement pode ajudar o profissional a superar o difícil momento da demissão e conduzi-lo na busca por uma nova oportunidade no mercado.

O engenheiro mecânico José Cláudio, de 52 anos, levantou cedo e foi para o trabalho, como fazia há mais de oito anos em uma metalúrgica de Joinville. Horas depois, recebeu a notícia de que estava sendo demitido.

– Fiquei muito abalado. Não esperava de forma alguma por aquilo, pois meu resultado era muito bom. Foi uma experiência traumática – afirma.

Como o profissional ocupava cargo de liderança, já havia passado por várias avaliações – de perfil psicológico e avaliação 360 graus a feedbacks. Mas não havia identificado a raiz de um comportamento que viria a influenciar a demissão: o excesso de transparência. As pessoas ficavam magoadas pela falta de tato de José Cláudio.

O executivo diz que vinha de duas experiências em empresas de disciplina rígida em São Paulo que reforçaram seu comportamento. Ao ingressar em uma organização de cultura diferente, não percebeu que aquele modelo não era bem aceito. Para ele, tudo parecia normal. Faltava autoconhecimento.

José Cláudio só descobriu o que estava acontecendo quando frequentou as sessões de outplacement – benefício que a metalúrgica na qual trabalhava contratou para dar apoio a ele após o desligamento e suporte na recolocação. Não demorou. Profissional com bom trânsito no mercado, uma semana depois estava empregado novamente, mas fez questão de continuar as sessões por três meses, com foco no autoconhecimento. Ele conta que passou a dizer as mesmas coisas, só que de um jeito diferente, que não magoava mais as pessoas.

– A visão que os outros têm de você é completamente diferente da que você tem de si mesmo. Então, o jeito mais fácil de saber é perguntar para os interlocutores, ouvir o que as pessoas dizem. É preciso abertura e intimidade, e a informalidade vale mais do que a formalidade nesta hora – constata José Cláudio.

O executivo deu a volta por cima e saiu fortalecido da experiência. É exatamente isto o que as empresas esperam quando contratam o benefício de outplacement para gestores que tiveram uma contribuição relevante e precisam ser desligados.

A iniciativa parte, geralmente, de grandes empresas, mas a consultora Lise Chaves observa que também médias contratam o serviço. Nos últimos dois anos, ela tem verificado o crescimento da procura por parte dos próprios profissionais, que reconhecem no outplacement um investimento para o futuro da carreira.

As causas

Bons profissionais que participam de programas de outplacement, seja por meio da empresa ou diretamente, costumam ser demitidos após vários anos de casa. Eles perderam o emprego, principalmente, por questões comportamentais e não técnicas, explica a consultora da Apex Executive Search, Nilce Campos. No entanto, outros fatores também comprometem a permanência no emprego.

A consultora Lise Chaves destaca o movimento periódico de oxigenação das empresas: elas desligam profissionais mais antigos na companhia para trazer novos colaboradores com “um outro jeito de fazer”. Em momentos de crise, como o atual, a pressão por reduzir custos também resulta em demissões.

– No Brasil, a carga tributária atrelada ao salário dobra o que a companhia precisa recolher. Não é o salário em si que é alto. O composto salarial sai muito caro. Nesses casos, a empresa busca alguém no mercado ou promove um funcionário com bom desempenho e cuja faixa salarial é mais administrável – explica Lise.

A demissão pode refletir, ainda, um erro cometido pela própria organização. Nilce diz que é comum promover profissionais sem realizar uma avaliação primeiro. Só que o funcionário talvez não esteja pronto para a nova função. Depois da promoção, quando as coisas não estão indo bem, é que as empresas correm para fazer a avaliação.

Xô ao comodismo

A Krona adotou o outplacement há três anos. Segundo a coordenadora de RH Tânia Regina Hardt Santos, a empresa enxerga o benefício como uma forma de ajudar o profissional a se recolocar no mercado e de não deixá-lo desprotegido. Seis profissionais já foram contemplados.

– O outplacement é um investimento que vale a pena. Ele é oferecido para o nível de gestão pela consideração por este profissional. Quando se chega a um cargo mais estratégico, de gestão, o leque de oportunidades se afunila – explica  Tânia.

Fonte: A Notícia – Negócios & Cia.

 
 


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