Em vez de contratações, como nos últimos cinco anos, março viu uma onda de suspensão de contratos de trabalho e demissões em grandes empresas no País. Santa Catarina ainda vive uma situação confortável na geração de vagas, mas setores acreditam em desaceleração.
Último troféu do governo federal na área econômica, o baixo índice de desemprego no país ameaça cair da estante com o grande número de demissões anunciadas nos primeiros meses do ano. Em março, período em que o mercado de trabalho começa a ganhar potência, após o ritmo mais lento de janeiro e fevereiro, a economia parece ter colocado o pé no freio.
Por enquanto, Santa Catarina continua numa situação confortável na criação de vagas – é o Estado brasileiro que mais gera empregos. Mas é unânime o fato de que o ritmo de 2015 deve ser mais devagar do que no ano passado.
No país, grandes empresas têm dispensado funcionários ou suspendido contratos de trabalho para tentar não parar de vez. Dados sobre o mercado de trabalho em março ainda não foram consolidados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas indicadores prévios apontam que o nível de desemprego apurado em seis regiões metropolitanas do país deve continuar crescendo.
Projeção da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) estima que a desocupação alcance 6,2%, ante 5,9% de fevereiro. Olhando apenas março, o mês pode apresentar a primeira alta no desemprego, o que não ocorria desde 2010.
Não é o único sinal que as coisas não andam bem. O recuo na produção industrial e no rendimento médio real dos ocupados em fevereiro indicam que o primeiro trimestre do ano estava comprometido, avalia Anselmo Santos, professor do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho do Instituto de Economia da Unicamp.
– Foi o último vagão a sair dos trilhos. Com os resultados dos últimos meses, fica nítido que a desaceleração chegou ao trabalho. É algo preocupante porque, para aumentar vagas, é preciso que o empresariado tenha confiança no futuro e eles já estão olhando para 2017.
Entre os setores mais atingidos até o momento estão telecomunicação e automobilístico. O processo de fusão entre as empresas de telefonia e a contração da economia já resultaram na demissão de ao menos 3,7 mil funcionários da Telefônica/Vivo, Nextel e Oi em todo o país. As empresas não confirmam.
Montadoras e demais empresas no setor automobilístico passam por situação semelhante. A Pirelli negocia suspensão de contratos de trabalho de 1,5 mil funcionários. Das 20 fabricantes de automóveis, comerciais leves e caminhões instaladas no país, mais da metade anunciou alguma medida para reduzir a velocidade de produção.
Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a crise é “pontual” e o setor pode ter uma retomada no segundo semestre.
Comércio em SC é o mais atingido
Em Santa Catarina, a Indústria, por exemplo, deve produzir menos do que em 2014, e pode começar a demitir.
– Isso vai depender de quão forte vai ficar a recessão nesse ano. As vendas na indústria estão caindo e a gente observa uma redução das horas trabalhadas – explica Graciella Martignago, economista consultora da Federação das Indústrias de Santa Catarina.
O comércio foi o setor mais afetado até o momento em SC. O saldo foi de menos 5.303 empregos no acumulado dos últimos 12 meses. No ano passado, para efeito de comparação, foram 788 vagas cortadas. Os dados são de fevereiro, período em que tradicionalmente há uma redução de funcionários temporários.
– Esses três primeiros meses foram preocupantes. Mas mais importante são esses meses que ainda vão vir – disse o presidente da Fecomércio-SC, Bruno Breithaupt.
Empresas têm medidas para reduzir custos
O troca-troca de emprego que dominou o mercado de trabalho em Joinville, no Norte do Estado, em 2014, perdeu força nestes primeiros meses do ano. O trabalhador está mais cauteloso, na avaliação de sindicatos das principais atividades econômicas ouvidos pela reportagem.
As empresas, por sua vez, terminaram o mês de fevereiro com saldo de 2.128 vagas, o que coloca Joinville na condição de sexta maior geradora de emprego no país nos dois primeiros meses do ano. Em Santa Catarina, fica atrás apenas de Blumenau, na terceira colocação. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O presidente do sindicato laboral das indústrias de metalurgia, Sebastião de Souza Alves, afirma que nenhuma empresa realizou demissão expressiva. A retração do mercado, porém, exige medidas de redução de custos. Este é o caso da Schulz, fornecedora de componentes para caminhões que emprega 2,6 mil trabalhadores. A empresa definiu em março um programa de redução e compensação de jornada.
Setor de tecnologia na contramão da crise
Pelo menos 1.535 postos de trabalho devem ser gerados até o final deste ano pelo setor de tecnologia da informação e comunicação em Santa Catarina. Destes, cerca de 600 estão em aberto e ao menos 900 devem ser geradas nos próximos meses. A estimativa vem de um mapeamento realizado por um programa estadual, que contou com a participação de 190 empresas do setor. O setor prevê um crescimento de 20% em 2015.
Fonte: A Notícia – Menos Vagas
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