Mesmo fazendo parte de uma massa falida, empresa desenvolve itens para Caterpillar e a Bombardier.
Fabricante de peças para o segmento automotivo negocia parcerias com empresas da Turquia e da Inglaterra.
Quando o Grupo Busscar faliu, em setembro de 2012, muitos dos seus funcionários se sentiram órfãos. A fabricante de carrocerias de ônibus era uma das maiores empresas de Joinville e quando encerrou a produção o sentimento era de tristeza. Até mesmo a população da cidade ainda lamenta o fato.
Mas uma das empresas permaneceu ativa: A Tecnofibras. A fabricante de peças em fibra de vidro está ativa, superando diariamente os desafios que surgem do fato de ser uma massa falida e dos problemas pelos quais vive o setor automobilístico, do qual faz parte.
O apoio dos 350 funcionários e a comunicação sincera entre equipe e chefia foram essenciais para que a empresa buscasse resultados positivos e destaque no mercado brasileiro mesmo nos momentos difíceis.
“Todos aqui sabem o que está acontecendo e que a colaboração deles é essencial. Quanto mais informações eu consigo trocar com todos os envolvidos no negócio, sejam os trabalhadores, os clientes ou fornecedores, melhor é o desempenho da empresa”, declarou Paulo Zimath, diretor-geral da Tecnofibras.
Além disso, a companhia tomou um rumo diferente depois que a Busscar Ônibus entrou em crise. Parou de produzir para a empresa que deu nome ao grupo e focou nas multinacionais do segmento automotivo, agrícola, pavimentação, trens e construção civil.
Entre as clientes que fazem parte da sua carteira estão Volkswagen, Caterpillar, Ford, Mercedes, Volvo, John Deere e Valtra. Ao todo, são 18 empresas que compram as peças fabricadas pela Tecnofibras.
Zimath diz que, mesmo com as dificuldades trazidas pelo processo judicial, a empresa não perdeu nenhum cliente. Pelo contrário: está conquistando outros. Dois novos negócios estão engatinhando dentro da Tecnofibras.
As empresas são da Turquia e da Inglaterra e o diretor não pode passar mais detalhes sobre estas parcerias porque os produtos ainda estão em fase de desenvolvimento.
Ainda no fim do ano passado, a companhia joinvilense passou a fabricar 19 novos itens, incluindo peças para a Caterpillar e a canadense Bombardier, do segmento de trens. O volume de produção destes itens ainda é pequeno – eles estão em fase de teste. A expectativa é de que representem 15% do faturamento deste ano. Atualmente, a empresa faz 152 itens, em 498 tonalidades.
Desaquecimento reduz vendas
Mesmo com estas novidades, 2014 não foi um ano bom para a Tecnofibras. Houve queda de 30% no faturamento, em comparação com 2013. O motivo foi a redução dos pedidos dos principais clientes, dos setores automotivo e agrícola. A solução para tentar amenizar os impactos negativos foi adotar o turno único na produção. “Estamos tralhando de amanhã, e a tarde apenas alguns setores estão em funcionamento”, comentou Paulo Zimath, diretor-geral da empresa.
O início de 2015 não está sendo diferente. Algumas montadoras estão anunciando férias coletivas, o que significa paralisação das atividades nos setores que fabricam peças para estas empresas. A venda de caminhões também despencou no primeiro mês do ano no mercado brasileiro.
“As regras do Finame PSI, linha de financiamento do BNDS responsável por mais de 70% das compras de veículos comerciais no país, só foram definidas em 23 de janeiro, e a condições então piores do que no ano passado”, reclamou o diretor-geral da Tecnofibras. Tudo isso fez com que a companhia registrasse queda de 44% na produção de janeiro, em relação ao mesmo mês de 2014.
Além disse, a empresa tem que lidar com a insegurança jurídica que a designação “massa falida” traz ao seu nome. A Tecnofibras já deixou de fazer negócios em função desta situação instável para qual o grupo Busscar a levou. Uma das operações que não foi efetivada, por exemplo, faria com a que a empresa ampliasse a carteira de clientes ao fabricar peças para torres de energia eólica.
Leilão programado para 11 de março
A Tecnofibras será colocada à venda, em 11 de março. Ela está avaliada em R$ 73 milhões, mas no primeiro leilão poderá ser comprada até por 60% deste valor. Caso não seja arrematada nesta primeira sessão, terá inicio um novo leilão, sem percentual mínimo definido.
“Mesmo que a situação do mercado não seja favorável no momento, a Tecnofibras é uma empresa com grande valor, premiada em seu segmento, possui todas as certificações. Quem pensa em curto prazo, analisando o mercado como está agora, não vai achar viável a compra.
Mas se o investidor tiver planos de entrar neste mercado automobilístico e agrícola ou agregar valor no resultado, comprar a Tecnofibras é uma ótima oportunidade”, defendeu Paulo Zimath, que está há oito anos gerindo a companhia.
Entre os funcionários da companhia, o clima é de otimismo. “Estamos torcendo para que aconteça o melhor para a Tecnofibras, que ela continue ativa, sadia e produzindo”, comentou Valdir Carlinhos Alberti, na empresa há 19 anos. Neste caso, o melhor que pode acontecer é ela ser vendida por um bom preço.
Se não for, o fato de continuar sendo massa falida atrapalhará ainda mais os negócios. Mas se a venda for efetiva, um novo CNPJ será criado para a Tecnofibras e o comprador é quem decidira os rumos do empreendimento.
Ainda não se sabe o número de interessados em adquirir a empresa. A multinacional Ashley Composite Technologies é um dos investidores que podem apresentar proposta de comprar a Tecnofibras. Porém, o gerente de negócios da companhia americana no Brasil, Jaime da Silva Duarte, informou que a matriz está estudando a viabilidade de participar do leilão.
“Ainda faltam algumas informações referentes ao caixa da Tecnofibras”. Comentou, alegando também que o cenário da economia brasileira não está promissor para a realização de investimentos.
Raio-X
Funcionários = 350
Data de fundação = 1978
Área de atuação = fabricação de peças para segmento automotivo
Clientes = 18, entre eles Volkswagen, Caterpillar, Ford, Mercedes, Volvo, Johm Deere, Bombardier e Valtra
Fonte: Jornal Notícias do Dia – 07/02/2015
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