O atual presidente da Tigre, Otto von Sothen, assumiu o cargo em setembro do ano passado. Com 52 anos, bonachão e bem-humorado, ele demonstra tranquilidade em meio ao desafio enorme de liderar o processo de padronização e desenvolvimento de longo prazo da fabricante de tubos, conexões e pincéis, entre outros itens.
Por exigência de suas atribuições múltiplas de comandante, Von Sothen divide seu tempo em constantes visitas às diferentes plantas fabris. Em palestra de 71 minutos na última segunda-feira, na Associação Empresarial de Joinville (Acij), ele explicou as estratégias do negócio e respondeu a perguntas de um auditório composto por executivos da própria empresa, de outras companhias, de alunos e professores universitários – e até da presidência da concorrente Krona.
Von Sothen, claro, não expôs diretrizes que possam interessar aos concorrentes e evitou dar números de faturamento ou de previsão de expansão, muito menos de investimentos no curto, médio ou longo prazo. Mesmo assim, mostrou como está redirecionando a Tigre até o ano de 2020. O executivo insistiu que o planejamento estratégico é a linha condutora para o êxito e revelou que a empresa vai inaugurar uma nova fábrica no Peru em janeiro do próximo ano.
Fatores de sucesso
– Uma empresa só chega ao sucesso mediante planejamento estratégico de longo prazo. Estamos trabalhando para o Projeto Tigre 2020. Há quatro elementos necessários para obtenção do êxito: planejamento, inovação, pessoas e investimentos.
Muitas prioridades
– Quando chegamos (à presidência), havia muitas prioridades. Era difícil saber o que tinha de ser feito antes. Importante: as pessoas precisam acreditar em uma causa. A Tigre era muito focada para dentro. Vamos melhorar o nosso olhar para fora e enxergar para além da Tigre.
Vetores
– O planejamento é o primeiro passo, vital para se atingir metas de longo prazo. Também é preciso ter inovação, tanto em produtos quanto em cultura organizacional. O terceiro ponto é o das pessoas, essenciais na formulação e na implementação de políticas de desenvolvimento. Elas, as pessoas, têm de estar comprometidas com o pensamento das lideranças. E, por último, os investimentos, que devem, igualmente, balizar o futuro para viabilizar a perenidade. Perseguimos a excelência operacional, inovação e sustentabilidade para atingirmos o que queremos para a Tigre.
Crescimento zero
– Não olho muito para a economia. Senão, não investimos mais. Em 2014, os nossos investimentos serão 30% superiores aos feitos no ano passado. Não revelo números absolutos. Sabemos que 2015 será muito ruim. Há muito pessimismo, todo mundo de farol baixo. Tenho uma certeza: o País não vai crescer no próximo ano. Em 2018, eu não sei.
Batalhas
– Trouxemos para a Tigre a metodologia que expressa os desafios com batalhas e sub-batalhas, a serem conquistadas com a presença de gente de todas as áreas da organização. Fizemos reunião de quatro dias com os cem principais líderes da Tigre. Neste período, houve debates sobre a situação, identificamos dificuldades e o grupo encaminhou sugestões para resolver os problemas.
Cem barreiras
– Naqueles quatro dias de imersão, surgiram 60 proposições voltadas ao futuro, consolidadas em cinco batalhas que se subdividiram em 12 sub-batalhas. Também apareceram cem barreiras e fatores críticos a serem superados. Três das cinco batalhas relacionam-se ao componente pessoas, e duas são focadas no crescimento. Das 12 sub-batalhas, três se enquadram no fator pessoas.
Ao conselho
– A Tigre está validando processos para que todos os funcionários do grupo recebam as informações detalhadas das batalhas nas quais estão envolvidos. Estamos na fase de formulação de estratégias. As sub-batalhas duram de um a dois anos. Até dezembro deste ano, vamos apresentar a nova modelagem ao conselho de administração para atingirmos as metas e os objetivos para 2020. Estamos redesenhando a nossa cultura. A Tigre definiu para onde quer ir. Não limitamos o nosso sonho ao momento atual.
Agenda única
– Para conseguirmos ter uma agenda única de compromissos de todo time com a empresa, foi necessário expor os problemas abertamente. Há muita coisa que incomoda. É como discutir a relação pessoal. Não podemos nos descuidar das transformações tecnológicas. Elas tanto são ameaças como podemos ser mais competitivos usando-as a nosso favor.
Padronização
– Agora, a prioridade é conseguirmos a padronização de processos. Os procedimentos têm de ser os mesmos em todas as unidades. Assim, uma das batalhas é dar mais foco no mercado. É vencer a guerra de dentro para fora. Um detalhe: não adianta combater numa batalha que, sabemos de antemão, está perdida. A batalha tem de ser possível de se vencer. E também tem de resistir ao teste do tempo.
Cenário
– Há tendência de desvalorização do câmbio no Brasil e região. O cenário é claramente ruim. Se não fizermos estudos, poderá ser pior. Por isso, se o bolo se contrai, é preciso aproveitar oportunidades e tentar aumentar nossa parte.
Faturamento
– Não falo de faturamento da Tigre. Seria entregar o ouro para o bandido… mexicano (risos, em referência ao grupo multinacional Mexichem, dono da Amanco). Só digo que 75% do faturamento da Tigre vêm dos negócios no Brasil. O restante é apurado no exterior. Nosso foco é o ramo predial. As vendas para os órgãos dos governos são inferiores a 10% do total.
Responsabilidade
– Na questão política, à exceção dos protestos de junho do ano passado, as pessoas aceitam muito passivamente as coisas. Não adianta só se queixar. O empresariado tem muita responsabilidade nisso tudo. Está todo mundo cuidando do seu (interesse). Temos de fazer a nossa parte.
Mudanças
– Mudamos quatro diretores neste ano. Mexemos em quatro áreas estratégicas. Assumiram Ricardo Fernandes Pereira (financeiro), José Renato Domingues (RH), Pedro Balista (TI), vindo do Positivo Informática, e Cleber Genero (suprimentos).
Fábrica nova
– A Tigre vai inaugurar uma nova fábrica no Peru em janeiro de 2015. Vai dobrar a produção de tubos e conexões em relação ao volume atualmente fabricado nas duas unidades que possui naquele país. Estas duas fábricas serão fechadas, consolidando a produção em um só local.
Fonte: A Notícia – Livre Mercado – Cláudio Loetz
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