Primeiro carro com carroceria feita com o material foi exposto nesta semana em Joinville
Uma empresa familiar de Joinville concorreu com norte-americanos e tornou-se a principal fornecedora de moldes do primeiro carro com carroceria de plástico do mundo, o novo jipe Troller T4, da Ford, com lançamento previsto para o final deste ano. O presidente da empresa Puma Automotive Molds, João Sobrinho, explica que os moldes consumiram 600 toneladas de aço e um ano e meio de trabalho.
No final, 80% do carro são feitos de fibra mais plástico. A ferramentaria de Joinville foi responsável por 80% dos moldes feitos para a montadora, explica o gerente de vendas, José Molina Tanajura.
Entre as vantagens do plástico, a empresa aponta a leveza e a não oxidação das peças. Para a parte interna, foram 26 moldes de injeção plástica e, para a carroceria, 16 moldes de SMC, uma manta que utiliza fibra, resina e poliéster.
– O índice de utilização do plástico na parte externa é realmente inovador – diz Sobrinho.
O assoalho de plástico, entre outras peças, e o próprio veículo estavam expostos na EuroMold Brasil, feira realizada nesta semana em Joinville junto com a Interplast, maior feira da indústria do plástico da América Latina.
As duas feiras, que reuniram 550 marcas de 13 países no Complexo Expoville, ofereceram um verdadeiro passeio pelo universo da indústria. Os expositores mostraram soluções desde a fase de concepção dos produtos, passando pelo ferramental até a produção em série. Nomes de peso no mercado internacional de máquinas e equipamentos, como as alemãs Krauss Maffei e Arburg e a nacional Romi, passaram por lá, deixando uma mostra das tendências desse importante segmento, presente nos mais variados setores produtivos.
Mais veloz, eficiente e AUTÕNOMA
Interplast e EuroMold destacaram as próximas tendências do segmento plástico nesta semana, em Joinville.
Quem visitou as feiras Interplast e EuroMold Brasil no Complexo Expoville, nesta semana, viu um pouco das tendências da indústria de transformação do plástico. Maior eficiência energética, ciclos mais rápidos e nível cada vez maior de automação, com o uso de robôs e esteiras, caracterizam as máquinas e equipamentos de última geração.
O próprio material também evoluiu. Se o plástico já substitui o metal em muitas aplicações, também caminha para tomar o lugar da madeira. Algumas soluções presentes na feira mostram que as soluções alternativas se assemelham muito à primeira, sem a desvantagem do desgaste ao qual a madeira é submetida, especialmente quando exposta ao ambiente externo.
Na avaliação do diretor no Brasil da empresa austríaca de extrusão Battenfeld-cincinnati, Cássio Saltori, novas tecnologias estão surgindo para implementar o plástico. Um exemplo é a nanotecnologia, que propicia maior resistência e flexibilidade. Saltori observa um caminho longo de crescimento dessa indústria.
– O Brasil não consome sequer 50% do plástico que é consumido na Europa – afirma.
Outra tecnologia cada vez mais aplicada nas indústrias é a impressora 3D. O número de expositores dos equipamentos triplicou em relação à última edição, há dois anos. Uma delas era a Technohow, representante no Brasil da alemã Concept Laser. O equipamento consegue fazer peças em metal com qualidade final, não somente protótipo.
O diretor da representante, Paulo Pacheco, explica que a impressão 3D não é solução para tudo, e tem um processo ainda lento para produção de grandes volumes de peças. Porém, ela permite construir desenhos que não seriam possíveis pelo método convencional.
Balanço
A Interplast e a EuroMold Brasil terminaram nesta sexta-feira com a expectativa de geração de negócios no valor de R$ 500 milhões nos próximos 12 meses, em decorrência dos contatos realizados nas duas feiras. Já a primeira rodada de negócios da indústria do plástico de Joinville deve gerar cerca de R$ 2 milhões em negócios, de acordo com a agência Messe Brasil, organizadora do evento.
Até a tarde de sexta-feira, passaram pelo Complexo da Expoville 26 mil visitantes de 19 países e 22 Estados brasileiros. Os principais setores de interesse foram os de matéria-prima, insumos, moldes e automação industrial. O Congreso de Inovação Tecnológica (Cintec) recebeu 600 participantes nas palestras técnicas e 150 nos mini-cursos.
Grande no mundo, pequena no Brasil
A sul-coreana Yudo decidiu rever sua estratégia de crescimento no Brasil e manter-se pequena no País, nas palavras do presidente do grupo no mundo ocidental, José Dantas. A unidade de Joinville é a única na América Latina entre as fábricas do grupo, líder mundial em produção de sistemas de câmara quente no processo de injeção de plásticos em componentes eletrônicos, técnicos de precisão, automotivos, embalagem e PET.
Quando chegou em Joinville, em agosto de 2012, a Yudo aplicou R$ 9 milhões na unidade de 2,4 mil m² localizada no Distrito Industrial. Na época, contratou 30 funcionários e projetou faturamento de R$ 6 milhões ao ano, com a estimativa de chegar a R$ 20 milhões no prazo de quatro anos.
Exatos dois anos depois, a empresa mantém “congelado” o plano de investir mais R$ 100 milhões na construção de um complexo produtivo na rua Dorothóvio do Nascimento, região Norte de Joinville. O faturamento continua na casa dos R$ 6 milhões e a empresa anuncia que vai manter a capacidade mínima. Para isso, reduzirá o número de funcionários de 43 para pouco mais de 30 trabalhadores.
O que acontece com a Yudo pode ser explicado, em parte, pela luta das ferramentarias brasileiras. E a sul-coreana estaria vivendo o outro lado da moeda. Devagar, as empresas nacionais deste ramo começam a sentir o efeito positivo do aumento das tarifas de produtos importados, especialmente com o novo regime automotivo Inovar-Auto, em vigor desde 2013, que oferece subsídio para as montadoras de automóveis comprarem ferramentais no Brasil.
– Temos ferramentarias com pedidos, existe uma luz no fim do túnel. Esperamos ver uma recuperação de 10% a 15% na capacidade de produção nos próximos 24 meses – diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (Abinfer), Christian Dihlmann.
Contudo, a Yudo adquire itens importados para sua produção, o que torna o estímulo do governo uma má notícia. Além disso, a companhia reclama da grande oscilação de pedidos. Aumentar a capacidade produtiva para ser capaz de atender a grandes volumes tem sido um problema quando a demanda cai.
Por este motivo, Dantas explica que a empresa vai manter a produção mínima e, nos momentos de pico, vai importar os produtos de outras unidades da Yudo no mundo. Globalmente, o grupo teve uma receita de US$ 860 milhões em 2013 e espera chegar a US$ 1 bilhão neste ano.
Fonte: A Notícia – Negócios & Cia.
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