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CHINA OCUPA ESPAÇO PERDIDO pelo Brasil no mercado Argentino

27 de agosto de 2014
CHINA OCUPA ESPAÇO PERDIDO pelo Brasil no mercado Argentino

País asiático tem financiado as importações do país vizinho, o que reduz a saída de divisas da Argentina, informou o ex-embaixador Regis Arslanian, na FIESC.

Florianópolis, 26.8.2014 – Os produtos brasileiros têm perdido espaço para os chineses no mercado argentino. O país asiático tem financiado as importações do país vizinho, o que reduz a saída de divisas da Argentina, que passa por uma crise econômica e se encontra numa situação de calote técnico. “O Brasil chegou a ter um superávit de US$ 6 bilhões há três anos.

Continuamos a ter superávit, mas é de pouco mais de US$ 2 bilhões. Muito desse espaço perdido está sendo ocupado pelos chineses. Isso se deve às condições oferecidas”, afirmou o ex-embaixador Régis Arslanian, que ministrou palestra nesta terça-feira (26), em reunião promovida pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis.

“Há três anos houve a tentativa de financiamento aos argentinos para que o Brasil pudesse equiparar as condições que a China oferece. Na época o governo chegou à conclusão que não teria condições”, afirmou o especialista, lembrando que antes de o presidente da China, Xi Jinping, participar do encontro dos BRICs em julho, no Brasil, esteve na Argentina negociando com a presidente Cristina Kirchner um financiamento bilionário.

O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, destaca que a Argentina necessita de dólares. O pagamento das importações representa a saída de divisas e por isso o sistema de financiamento da China favorece aquele país. “Os exportadores têm que considerar que a crise pode trazer oportunidades.

O fato é que não podemos sair desse mercado, mas precisamos estar atentos às garantias. Já exportamos mais. Hoje Santa Catarina tem um déficit comercial, mas a nossa importação é basicamente de matérias-primas. A Argentina ainda é um parceiro importante para o Estado”, disse.

O país vizinho é o quinto principal parceiro comercial de Santa Catarina. Os embarques de janeiro a junho somaram US$ 216,6 milhões, valor 19% menor que o registrado no mesmo período no ano passado. Os principais produtos embarcados foram papel cartão, laminados de ferro e aço, motocompressores, motores elétricos e carne suína.

No mesmo período, as importações totalizaram US$ 588,8 milhões. Os principais produtos comprados pelo Estado foram polietilenos, polímeros e ligas de alumínio.

“Está na hora de o Brasil mudar de atitude com relação aos vizinhos e ao Mercosul se impondo mais. Falta pragmatismo e firmeza na defesa dos interesses do País. Temos alavancagem para isso. Ser mais firme é ter mais habilidade negociadora”, salientou Arslanian.

O especialista disse ainda que o Mercosul é um mecanismo de integração que serve para auxiliar o desenvolvimento econômico e social dos sócios do bloco. “Se o Mercosul não anda, a culpa é dos sócios. Quem tem maior responsabilidade para se desenvolver como bloco é o Brasil, que tem 80% do produto interno bruto total do Mercosul”, disse.

Na opinião do ex-embaixador, inclusive as reuniões de cúpula deveriam ser mais produtivas e focadas nos interesses da região. Segundo ele, muitas vezes, há um longo debate sobre temas nos quais o bloco tem pouca influência, como é o caso dos conflitos da faixa de Gaza. “Temos a obrigação de fazer valer os interesses.

Talvez devesse ser discutida a questão das barreiras e restrições. Se não são os presidentes que vão debater isso, não será mais ninguém”, ressaltou. Apesar dos desafios conjunturais, Arslanian disse que é preciso acreditar nos vizinhos e manter uma boa relação com eles, sempre olhando para o longo prazo.

Panorama Brasil: No primeiro semestre de 2014 o Brasil apresentou queda de 3,4% nas exportações em relação ao mesmo período no ano passado. Dentre os cinco principais mercados, o maior recuo foi o da Argentina (-20,4%), seguida por Japão (-4,3%) e Holanda (-2,4%). Se considerados os países da América do Sul, a Argentina foi o mercado que mais reduziu as importações do Brasil. Os embarques do Brasil para Argentina estão concentradas em veículos automotores (46% do total), seguido de máquinas e equipamentos (9%) e minérios (5%).

Fonte: FIESC

 
 


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