Ao se aposentar, em 1989, Wilson Bohn pensou em se dedicar à pesca. Acabou criando a maior fábrica brasileira de mangueiras e acessórios plásticos.
Wilson Bohn se aposentou em 1990, após trabalhar 26 anos em uma fábrica de plásticos para a construção civil em Joinville. A ideia inicial era a de dedicar-se a um de seus hobbies: a pesca. Não demorou dois meses para desistir. Um dos motivos foi o baixo valor do benefício pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O outro era a inquietude. “Ele tinha vontade de montar o próprio empreendimento”, diz o filho, Celson Bohn.
O primeiro passo para a criação da Plasbohn foi a compra da carcaça de uma extrusora junto à antiga empregadora de Wilson. Mas era preciso fazer mais para fazer a máquina funcionar. Peças compradas em um ferro-velho serviram para fazer o painel de comando. “Até pneus de lambreta foram utilizados para fazer as correias transportadoras”, lembra Dalila Bohn, mulher de Wilson.
O equipamento para a fabricação de mangueiras levou quase um ano para ficar pronto. Eram tempos extremamente desafiadores. A hiperinflação corroia rapidamente os ganhos – em média, os preços aumentavam 18,56% ao mês na primeira metade dos anos 90, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Mas, o ânimo persistia. A compra de matéria-prima era difícil. O número de fornecedores era reduzido e estes tinham pouco interesse em atender aos pequenos pedidos. A solução encontrada pela família Bohn foi pagar as encomendas à vista e antecipadamente.
A produção de mangueiras era feita de sexta à noite a domingo à noite, quando os filhos Celson e Sarita podiam ajudar, já que eles trabalhavam em outras empresas.
Sábado era o dia das vendas, que eram feitas na frente dos supermercados. “Um dos lugares com mais consumidores era o antigo Catarinão, na zona Sul”, lembra Sarita Bohn, filha de Wilson e Dalila. Os negócios prosperaram em Joinville e o passo seguinte foi conquistar o mercado de Florianópolis.
Grandes saltos foram dados em meados dos anos 90. A forte expansão fez com que Celson e Sarita passassem a se dedicar exclusivamente para a empresa familiar.
O primeiro impulso veio da criação de condições facilitadas para a compra de matéria- prima por um fornecedor. O impacto, segundo Dalila, foi dar mais fôlego para a empresa.
O segundo estímulo foi a terceirização de serviços de uma grande empresa, que possibilitou a compra de novas máquinas. O novo contrato acabou sendo o embrião de uma nova fase. Obrigou a Plasbohn a expandir ainda mais os negócios, para não ficar dependente da terceirização, que respondia por 60% das receitas.
A estratégia foi conquistar novos mercados para os produtos da empresa diversificando a produção.Em 1996, a Plasbohn vendia para todo o país. Os efeitos foram bem positivos. Rapidamente, a importância do principal cliente nas receitas caiu para 20%.
Em 1997, a empresa iniciou a fabricação de mangueiras para GLP (gás de cozinha), após estas serem certificadas pelo Inmetro (Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). A Plasbohn foi uma das três primeiras empresas a ser homologadas. “?Isto fez a empresa ser enxergada de modo diferente pelomercado”, diz Celson, que também é diretor administrativo da empresa.
A diversificação não parou. Novos produtos são constantemente lançados para garantir a rentabilidade dos negócios. Em 2006, entrou no segmento de injetados para a construção civil. Hoje, o segmento agrícola desperta muita atenção, por causa da forte expansão da produção agrícola. Atualmente, são 80 itens comercializados.
Foco na produtividade e na competitividade
O principal desafio da Plasbohn é comum à maioria das empresas de Joinville: encontrar mão de obra qualificada. E a resposta encontrada é focar na automação.
Segundo Celson Bohn, diretor administrativo da companhia, assim será possível ampliar a produtividade, ser mais competitivo e garantir um crescimento sustentável. “Vamos fazer mais com o que a empresa tem.” Outra meta é remodelar o mix de produtos, que atualmente tem 600 itens.
O executivo destaca que é preciso estar sempre à frente dos concorrentes, deixando o alvo a ser perseguido bem mais distante. Para isso, a Plasbohn está investindo na ampliação da linha de produção. A expectativa é de que a nova área entre em operação em um prazo de três meses.
A empresa vai ampliar a adoção de práticas de sustentabilidade, como o tratamento de efluentes de modo biodegradável e o descarte de resíduos sólidos, seguindo
os princípios estabelecidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Apesar da empresa estar presente em todo o país, os negócios estão concentrados em Santa Catarina, no Norte e no Centrooeste.
São áreas que apostam mais na marca Plasbohn?, conta Sandro Michinosk, gerente comercial. Ele completa dizendo que o Brasil é um mercado muito grande para ser trabalhado. O foco está no mercado interno, mas o exterior desperta interesse.
As primeiras experiências começaram em 2010, quando foram feitos os primeiros embarques para o Paraguai. Paralelamente, a fabricante de plásticos para a construção civil participou do projeto Primeira Exportação, que estimulou empresas de pequeno e médio portes a realizarem negócios fora do Brasil.
O programa foi uma iniciativa do MDIC (Ministério do Desenvolvimento) e contou com o apoio da Prefeitura de Joinville e da Univille (Universidade da Região de Joinville). Foram abertos mercados na América do Sul. A participação de uma feira no Quênia (Leste da África) também assegurou a conquista de mais clientes.
A imagem da empresa foi reforçada com essa iniciativa. Ela recebeu o Prêmio Destaque Comércio Exterior 2011, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento e pela AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), ao lado de empresas multinacionais de grande porte como a Vale, a Embraer, a Ericsson, a BRF Brasil Foods, a Fiat, a Voith Paper, a Braskem, a Queiroz Galvão e a Marcopolo.
Fonte: Notícias do Dia – Nossas Empresas – Grandes Histórias.
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