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Estamos gerando empregos lá fora!

02 de abril de 2013
Estamos gerando empregos lá fora!

A produção industrial de Santa Catarina em 2012 teve uma queda de 2,7%, se comparada com o ano anterior, que já havia apresentado queda em 2011 de 4,6% em relação ao ano anterior. Mesmo com queda na produção, as vendas cresceram, reflexo da importação de produtos manufaturados. Estamos gerando empregos na China, no México, em Singapura e assim por diante.

Embora o cenário seja desfavorável, o governo continua a nos apertar, com uma carga tributária recorde de 36%. Os insumos estrangulam os lucros e determinam o fim da competitividade.

Na indústria dos materiais plásticos, por exemplo, as principais matérias primas tiveram reajustes entre 15 e 45% em 2012 e, diante da escassez da mão de obra, os trabalhadores vem acumulando ganhos acima da inflação, que chegam a quase 32% nos últimos sete anos.

Pesquisa da CNI, com uma comparação entre as médias de 2011 e 2012, o custo de produção subiu 8,3%, puxado pelo custo com pessoal (10,8%) e com insumos importados (15,3%). Em menor ritmo, o já altíssimo custo tributário cresceu 5,6%.

Esse quadro, por si só, explica facilmente porque nossas prateleiras estão inundadas de produtos chineses. Os números e os fatos mostram porque a indústria teve crescimento negativo de 0,8% em 2012 e a economia brasileira, como um todo, cresceu somente 0,9%, muito longe dos 4% previstos pelo governo federal em novembro de 2011.

O processo de desindustrialização pelo qual passa o Brasil é extremamente nefasto para o país e preocupante para o empresário, mas catastrófico para o trabalhador. Se, por um lado, ele acumula ganhos nos últimos anos; por outro, os postos de trabalho na indústria tendem a diminuir drasticamente, a medida que importar e distribuir aqui tem se tornado uma prática muito mais rentável.

Ou seja, o empresário, acuado pelos altos custos para tocar seu negócio, busca alternativas para manter-se. E a importação tem se mostrado a opção mais interessante, mas pouco sustentável, do ponto de vista da empregabilidade.

Metalúrgicos, engenheiros, operadores de máquinas, profissionais de manutenção e outros postos da indústria tendem a se tornar cada vez mais escassos, diante da falta de competitividade da nossa indústria, que se vê obrigada a trazer o produto pronto de outros países.

E não falamos apenas da China. Estudo recente mostra que um mesmo produto feito no Brasil, na Alemanha ou nos Estados Unidos custa até 36% menos nestes dois países, cujos salários e os índices de qualidade de vida são bem mais elevados do que no Brasil.

Ou seja, o momento é delicado e a indústria do plástico vem sentindo fortemente os efeitos da ausência de uma política econômica de verdade, que contemple medidas estruturais e de longo prazo, ao invés de ações pontuais e localizadas, como a redução dos impostos nas tarifas de energia elétrica e desoneração da folha de salários, que atacam a dor de cabeça, mas não curam o câncer que a originam.

Albano Schmidt – Presidente do Simpesc – Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Santa Catarina.

Fonte: Diário Catarinense

 
 


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